Título: Mantega: 'A Selic não deve mais subir'
Autor: Renée Pereira
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/06/2005, Economia, p. B1

RIO - A inflação sob controle abre espaço para que os juros parem de subir, criando um quadro mais favorável para os investimentos. O diagnóstico foi feito ontem pelo presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Guido Mantega, ao divulgar os números e a análise do desempenho do banco, considerado mais fraco do que esperava a diretoria da instituição. "Porque a política monetária foi bem-sucedida, vamos colher os frutos", comentou. Mantega deixou claro que estava fazendo uma "leitura dos componentes da economia" e não iria dar palpite sobre a reunião desta semana do Comitê de Política Monetária (Copom). O presidente do BNDES lembrou que os indicadores de inflação divulgados desde a semana passada apresentaram resultados "muito favoráveis" e houve recuo, também, na cotação do aço. "A partir deste quadro de controle da inflação nós podemos esperar que a política monetária reflita esta acomodação da inflação e, portanto, podemos esperar um quadro mais favorável para os investimentos. Ou seja a taxa de juro não deve mais subir."

Caso isso aconteça, representará uma "sinalização positiva" para os investimentos. "O investidor vai perceber que a luta contra a inflação está ganha, o processo inflacionário está sob controle e, portanto, poderá prever uma política monetária mais branda de modo a estimular os investimentos."

O cenário do presidente do BNDES leva em conta um crescimento "mais moderado" da economia no primeiro semestre e "mais acelerado" nos seis últimos meses do ano. Ele estima que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) ficará entre 3% e 4% em 2005.

Mantega também avalia que a crise política não está contaminando a economia. "Em outras ocasiões poderia ter desanimado, causado um aumento do risco país e nada disso aconteceu. Os indicadores econômicos se mantiveram estáveis. Isso significa que é uma crise passageira e não compromete os fundamentos da economia."