Título: Para mercado, taxa cai em setembro
Autor: Renée Pereira
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/06/2005, Economia, p. B1

BRASÍLIA - O mercado financeiro manteve a aposta de que o Comitê de Política Monetária deixará o juro básico estável em 19,75% ao ano, na reunião de hoje e amanhã. A perspectiva registrada pela pesquisa do Banco Central não se alterou nem mesmo com as denúncias feitas pelo presidente do PTB, Roberto Jefferson. Os entrevistados acreditam que haverá espaço para a queda da Selic a partir de setembro, quando a taxa iniciaria uma trajetória de redução gradual até atingir 16,50% em maio de 2006. O otimismo moderado do mercado se apóia na melhora do cenário para a inflação neste ano. As previsões do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2005 dos analistas participantes da pesquisa do BC recuaram de 6,32% para 6,21% e passaram a acumular uma redução de 0,18 ponto porcentual em 4 semanas. O número, entretanto, ainda se encontra acima do objetivo de 5,1% perseguido pelo Copom neste ano - que, na visão dos analistas de mercado, não será atingido. Eles ressaltam, no entanto, que o BC vem conseguindo reduzir as projeções a um patamar compatível com o cumprimento da meta de inflação de 2006 (4,5% mais um intervalo de 2 pontos porcentuais para cima ou para baixo).

A redução das previsões de crescimento do Produto Interno Bruto para este ano, de 3,27% para 3,12%, foi outro fator que contribuiu para consolidar a perspectiva de juro estável. Com a atividade em queda, o mercado avalia que as pressões do aumento do consumo sobre os índices de preços sejam reduzidas. A queda das projeções de crescimento do PIB captada pela pesquisa do BC foi a segunda consecutiva após a divulgação do crescimento de 0,3% no primeiro trimestre do ano. Para 2006, as estimativas de expansão do PIB ficaram estáveis em 3,50%.

Outra boa notícia no campo da inflação foi a queda das previsões de reajuste dos preços administrados neste ano de 7,80% para 7,60%. As estimativas de aumento dos administrados em 2006 não se alteraram e prosseguiram em 6%. Na reunião de maio, o Copom trabalhava com a hipótese de aumento de apenas 5,1% dos administrados no próximo ano. A redução das estimativas foi um sinal animador, pois ocorreu numa semana em que se falou na possibilidade de racionamento do gás em razão da crise política da Bolívia.