Título: Bancos seguem BC e elevam juros
Autor: Renée Pereira
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/06/2005, Economia, p. B1

Os juros cobrados pelos bancos continuam subindo para o consumidor. Segundo pesquisa divulgada ontem pela Fundação Procon de São Paulo, a taxa média mensal do cheque especial nas dez maiores instituições do País subiu pela sétima vez consecutiva e atingiu 8,27% no início do mês, ante 8,25% de maio. É a maior taxa desde novembro de 2003, quando estava em 8,29%. Nos empréstimos pessoais, a taxa média cobrada passou de 5,39%, em maio, para 5,42% neste mês. Foi a quinta alta seguida nos juros praticados nessa modalidade de crédito, que também alcançou o maior patamar desde novembro de 2003 (5,49%). A pesquisa mensal do Procon foi feita entre os dias 2 e 3 de junho nos bancos HSBC, Banespa, Bradesco, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Itaú, Santander, Nossa Caixa, Real e Unibanco.

O levantamento mostrou que cinco instituições elevaram os juros no empréstimo pessoal: Nossa Caixa, de 4,1% para 4,25% ao mês; Banespa/Santander, de 5,7% para 5,75%; Caixa, de 5,11% para 5,15%; e Unibanco, de 5,85% para 5,87%. Apenas o HSBC foi na direção contrária e reduziu os juros nessa modalidade, de 5,19% para 5,16%. No cheque especial, as altas foram verificadas na Nossa Caixa (de 7,9% para 8,1%) e no Unibanco (de 8,36% para 8,39%).

Segundo o chefe de gabinete do Procon-SP, Vinícius Zwarg, a taxa de juros para o consumidor se encontra em nível bastante elevado num momento que não é dos melhores para o País por causa do baixo desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) e da turbulência política.

O avanço dos juros para o consumidor tem acompanhado de perto as decisões do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, que, desde setembro do ano passado, já elevou em 3,75 pontos porcentuais a taxa básica da economia, de 16% para 19,75% ao ano. Hoje a autoridade monetária volta a se reunir e anuncia amanhã os rumos dos juros do País.

A expectativa, para muitos analistas, é de manutenção da Selic. Se isso ocorrer, as taxas ao consumidor também devem parar de subir, diz o vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel José Ribeiro de Oliveira. Para ele, como as margens de lucros são altas, haveria espaço até para redução dos juros para o consumidor.

Mas, com as incertezas políticas e o tímido desempenho da economia, os bancos vão preferir se precaver, diz. "O crescimento menor tende a elevar o desemprego e os índices de inadimplência. Por isso, acho que as instituições vão esperar um cenário mais claro para reduzir os juros." Ele acrescenta que em abril a taxa de inadimplência inverteu o movimento de queda dos meses anteriores e subiu 0,1 ponto porcentual, para 6%, no caso de pessoas físicas; e 0,3 ponto no caso de pessoas jurídicas, para 2,3%.