Título: No exterior, imprensa destaca falta de provas
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/06/2005, Nacional, p. A12

Num dia em que, para americanos e europeus, o grande destaque sul-americano foi a anulação da anistia aos militares na Argentina, o depoimento do deputado Roberto Jefferson não chegou às grandes manchetes fora do Brasil. Mas o diário londrino Financial Times destacou a preocupação dos investidores e a queda da Bolsa em até 3% no início do dia. No final da tarde, porém, diz o jornal, os investidores respiraram aliviados ao constatarem que Jefferson não apresentava provas de que o PT houvesse subornado os políticos. "Durante a audiência", diz o texto do FT, o deputado petebista "reiterou as acusações sobre o esquema de compra de votos", mas admitiu que não tem provas e que considerava o presidente Lula "um homem honesto". O jornal cita um economista do banco ABN Amro, Mário Mesquita, para quem "a idéia de que sem prova de corrupção a crise logo estará esquecida é muito mais importante".

Em Washington, sob o título "No Brasil, depõe o acusador no caso de corrupção", o The Washington Post resume o depoimento de Jefferson, destacando sua afirmação de que funcionários do PT chegavam aos encontros "com enormes malas cheias de dinheiro". Segundo o Post, as denúncias de Jefferson ganharam força com a publicação, pelo Estado, da entrevista em que a deputada Raquel Teixeira (PSDB-GO) admitia ter sofrido uma dessas tentativas de suborno.

O depoimento também mereceu bom espaço nos dois principais jornais argentinos. O Clarín deu destaque à reação do presidente do PT, José Genoino. "Estamos em guerra e na guerra vence o mais forte", disse ele em resposta às acusações de Jefferson. O Clarín menciona também o depoimento do ex-vice-governador de Brasília, Benedito Domingos, e o da secretária de Marcos Valério, Karina Ramos, que confirmavam a existência do mensalão.

O La Nación cita as respostas de Benedito Domingos, afirmando: "Uma nova revelação complica o partido de Lula." O jornal publica ainda uma comparação do presidente da Bovespa, Marcio Cypriano: "Em outros tempos, teríamos uma forte alta do dólar. O que vimos foi que a Bolsa subiu e o dólar caiu."