Título: Na PF, ex-secretária nega tudo o que disse contra Marcos Valério
Autor: Eduardo Kattah
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/06/2005, NAcional, p. A14

Apesar da contundência das declarações contidas na entrevista que concedeu à revista IstoÉ Dinheiro, Fernanda Karina Ramos Somaggio, ex-secretária do sócio das agências de publicidade SMP&B e DNA, Marcos Valério, negou ontem, em depoimento à Polícia Federal, a maior parte das acusações que aparecem na revista. De acordo com o delegado Ricardo Amaro, chefe da comunicação da PF em Belo Horizonte, Karina não confirmou a informação de que teria visto saírem "malas de dinheiro" da sala do ex-patrão, além de qualquer tipo de negociata dele com integrantes do PT e do governo. "Ela nega qualquer tipo de envolvimento, ter visto qualquer tipo de mala, qualquer tipo de transação envolvendo dinheiro saindo da empresa onde ela foi secretária durante algum tempo", afirmou Amaro.

A ex-secretária, que passou três horas na sede da Superintendência da PF, decidiu prestar espontaneamente o depoimento. Ela falou e foi questionada a portas fechadas pelo delegado da PF, Hélbio Dias Leite.

Na noite de anteontem, Leite recebeu do advogado de Karina, Leonardo Macedo Poli, a agenda, na qual ela afirmou, na entrevista à revista, que estariam anotados os encontros e compromissos de Marcos Valério - apontado por Roberto Jefferson como principal operador de um suposto esquema montado pelo tesoureiro do PT, Delúbio Soares, para pagar o mensalão.

Segundo os delegados, pelo depoimento e análise da agenda não há elementos, "em princípio", para a abertura de um procedimento investigativo. Leite disse que a agenda e a cópia do depoimento serão enviados para a direção da PF, em Brasília, e ficarão à disposição da CPI que investigará as denúncias.

Segundo Amaro, Karina confirmou encontros descritos na agenda, "envolvendo o nome de alguns políticos". "Porém, ela desconhece o conteúdo (dos encontros), principalmente relacionados a remessas de dinheiro por parte empresa onde ela foi secretária".

O delegado disse ainda que não há valores descritos nem extratos bancários na agenda entregue. "Essa agenda não tem nada. É uma agenda de secretária de empresa". Aos delegados, a ex-secretária disse que as entrevistas - classificadas por ela como "conversas" - concedidas à revista foram distorcidas. "No conceito dela, houve uma distorção", comentou Amaro.

A despeito da repercussão de suas declarações, Karina demonstrou tranqüilidade durante o depoimento. Segundo Amaro, ela negou que tivesse sido ameaçada de morte. Na entrevista, tinha relatado uma ligação telefônica, na qual foi orientada a "abrir o olho". Karina está sendo processada pelo sócio da DNA e SMP&B por tentativa de extorsão.

NO STF

O ministro Sepúlveda Pertence será é o relator da interpelação judicial apresentada, no Supremo Tribunal Federal (STF), pelo publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza contra o presidente do PTB, deputado Roberto Jefferson (RJ). Marcos Valério pede que Jefferson responda se são verdadeiras as informações dadas à Folha de S. Paulo no último 12 de junho.