Título: CNI e Fiesp mostram que tendência já é de declínio
Autor: Denise Chrispim Marin
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/06/2005, Economia, p. B6

BRASÍLIA - Duas pesquisas, uma da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e outra da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), apontam que as exportações de produtos industriais tendem a cair no curto prazo em razão da valorização cambial. A pesquisa da CNI apurou que, caso o dólar continue abaixo de R$ 2,70 até o fim do ano, o setor deverá também reduzir os investimentos voltados para o mercado externo e concentrar-se nas vendas domésticas.

O mesmo cenário de valorização do real impulsionará as importações de insumos e de matérias-primas, cujos custos já estão caindo em relação ao faturamento das empresas.

A CNI constatou que a taxa de câmbio limite para não atrapalhar as estratégias empresariais para o mercado externo seria de R$ 2,86. Desde 28 de outubro de 2004 o câmbio está abaixo dessa relação. Na sexta-feira, o dólar fechou em R$ 2,47 e ontem, em R$ 2,45.

A maioria das indústrias exportadoras - tanto as que importam insumos e matérias-primas quanto as que se valem dos similares nacionais - defende uma relação entre R$ 2,86 e R$ 3,00.

A pesquisa foi divulgada ontem, quando a Secretaria de Comércio Exterior (Secex) registrava o crescimento de 28,2% nas exportações realizadas até o final da segunda semana de junho, em relação a igual período de 2004. Somente nas duas semanas de junho, os embarques haviam aumentado em 13,1% na comparação com o mesmo mês do ano passado.

Realizado entre os dias 28 de março e 16 de abril, o levantamento abrangeu um universo de 1.419 empresas da indústria de transformação - 1.213 de pequeno e médio portes e 206 de grande porte - em 21 Estados.

Na consulta, a CNI constatou que apenas 28% das empresas envolvidas na atividade exportadora não alterariam a estratégia para o mercado externo. Mas 56% assinalaram que concentrariam as ações no mercado interno e 41% apontaram a tendência de reduzir os investimentos para o aumento das exportações.

Desse conjunto de empresas, 39% indicaram que reduziriam sua exposição ao mercado externo. "O relativo otimismo apresentado não elimina a preocupação com a manutenção de uma taxa de câmbio valorizada até o fim do ano", afirmaram os responsáveis pela pesquisa.

VOLUME MENOR

O estudo da Fiesp mostra que, apesar do aumento da receita, o volume das vendas externas já está em queda, o que acende o sinal amarelo para o início do processo de qued a das exportações no curto prazo.

Segundo o trabalho, num primeiro momento de valorização cambial, a queda no volume das exportações é compensada pelo aumento dos preços dos produtos. Com o tempo, os compradores internacionais encontram fornecedores de outros países com preços mais baixos que os brasileiros.

A conclusão foi tirada de um levantamento sobre o comportamento das exportações brasileiras desde 1977 até abril deste ano, chamado As sete quedas das exportações: o que a História nos ensina.