Título: Indústria tem emprego estável
Autor: Jacqueline Farid
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/06/2005, Econmia, p. B5

O mercado de trabalho industrial acompanhou a estagnação do setor no primeiro quadrimestre deste ano. Apesar do crescimento da ocupação em abril ante março (0,6%) e na comparação com abril do ano passado (3,1%), o IBGE diagnosticou uma "estabilidade" no emprego do setor, que começou a desacelerar o ritmo de expansão no início de 2005, respondendo à perda de ritmo da atividade a partir de setembro do ano passado. A folha de pagamento real dos trabalhadores do setor registrou queda em abril ante março (-2,2%) mas manteve aumento ante igual mês do ano passado (4%).

A economista Denise Cordovil, da coordenação de indústria do IBGE, avalia que, para o emprego voltar a crescer com mais força, a produção também terá de mostrar mais dinamismo. "Quando os empresários vêem um cenário positivo para aumentar investimentos, passam a abrir vagas."

ESTABILIDADE

Em abril, segundo ela, os indicadores de tendência apontaram "estabilidade em todos os indicadores: emprego, folha de pagamento e jornada de trabalho".

Denise explicou que o emprego industrial mostrou no mês e no primeiro quadrimestre de 2005 uma configuração semelhante à da produção industrial, com estabilidade nos indicadores mais recentes e resultados positivos comparativamente ao ano passado, mas com desaceleração.

No acumulado de janeiro a abril deste ano, o emprego do setor cresceu 2,7% ante igual período do ano passado, variação menor do que a apresentada no último quadrimestre de 2004 (4%).

No que diz respeito à massa salarial do setor, Denise avalia que a queda no valor folha de pagamento real em abril ante março ocorreu porque os resultados de março "estavam muito influenciados" pelo pagamento de benefícios que caracterizam a folha das empresas no primeiro trimestre do ano.

"Os primeiros meses do ano apresentaram resultados elevados na folha muito influenciados por pagamento de férias e benefícios", explicou a economista

Segundo ela, o quadro do rendimento industrial é o mesmo da produção, com "um saldo final de estabilidade".

SÃO PAULO

A pesquisa do IBGE mostrou que a indústria de São Paulo, que responde por cerca de 40% do emprego industrial do País, cresceu 4,9% na ocupação do setor em abril ante igual mês do ano passado. A expansão foi recorde para a região na série histórica da pesquisa, iniciada em dezembro de 2001.

Para as regiões, não há dados comparativos a mês anterior no que diz respeito ao mercado de trabalho industrial. Denise disse que o resultado recorde paulista na ocupação foi impulsionado pelas indústrias de alimentos e bebidas (20,1%) e meios de transporte (12,1%, especialmente por causa da indústria automobilística).

No caso da folha de pagamento real, a indústria paulista assinalou crescimento de 6,2% em abril ante igual mês do ano passado, o melhor resultado nessa base de comparação desde dezembro de 2004 (12,5%), também impulsionado pelas indústrias automobilística e de alimentos e bebidas.