Título: Vetado ônibus de graça para desempregado
Autor: Iuri Pitta
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/06/2005, Metrópole, p. C5

Ainda não foi desta vez que trabalhadores desempregados ganharam o direito a andar de ônibus de graça. O prefeito José Serra (PSDB) vetou projeto de lei aprovado pela Câmara Municipal que criava o direito a quem está sem emprego com carteira assinada, apresentado pelo vereador Beto Custódio (PT) em 2001. Conceder a gratuidade a desempregados é uma promessa de campanha do tucano, assumida entre o primeiro e o segundo turnos da eleição municipal. O prefeito aponta falhas técnicas, como o número muito amplo de beneficiados, pois o texto previa o direito à gratuidade para quem não tiver emprego formal. "Entram nessa situação funcionários públicos sem CLT, profissionais liberais e esse universo de trabalhadores informais", observou o secretário de Governo, Aloysio Nunes Ferreira Filho.

Na explicação do veto, publicada ontem no Diário Oficial do Município, Serra alega que a "liderança" da ex-prefeita Marta Suplicy (PT) "não favoreceu a tramitação nem, muito menos, a aprovação" da proposta de Custódio, apresentada no primeiro ano da gestão petista.

Segundo o Diário Oficial, o custo do benefício - "não apontado pelo texto", lembrou o tucano - seria de R$ 2 bilhões.

"É uma incoerência do PSDB vetar o projeto. Os vereadores tucanos sempre apoiaram a proposta desde que foi apresentada", criticou o autor do projeto. Custódio explicou que a prioridade da gestão Marta era implementar o bilhete único e, depois, ela estenderia a gratuidade aos desempregados. Segundo a bancada petista na Câmara, o orçamento de 2005 tem R$ 20 milhões reservados para o custeio da gratuidade.

O secretário de Governo disse que a atual gestão "tem tempo" para cumprir a promessa, assumida também em acordo político com o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, que decidiu apoiar Serra no segundo turno da eleição mediante o compromisso. "Queremos recursos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) para isso. Mas precisamos colocar ordem no sistema de transporte e integrar o bilhete único com os transportes metropolitanos", disse Aloysio.

O veto frustrou quem contava com o benefício. "Vou ter de procurar emprego a pé. A gente que está correndo atrás merecia a consideração do prefeito", disse Clara Alves de Souza, de 40 anos. Para o também desempregado Luís Antônio Soares, de 42 anos, o prefeito errou. "Essa lei facilitaria a vida de quem tem de se deslocar para procurar trabalho."