Título: Ministério de Aldo deverá ser extinto na reforma
Autor: Vera Rosa
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/06/2005, Nacional, p. A7

A saída do ministro José Dirceu da Casa Civil é o primeiro passo para uma ampla mudança que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pretende fazer na equipe. A Coordenação Política, hoje comandada por Aldo Rebelo, do PC do B, deve ser extinta. A interlocutores, Lula admitiu que foi "um erro" ter dividido a Casa Civil, em janeiro de 2004. A reforma ministerial deve ser anunciada na próxima semana, se o presidente conseguir fechar as consultas, já que tem viagens de hoje até segunda-feira, quando retorna do Paraguai. Além de Dirceu e Aldo, que retornam à Câmara, as mudanças podem incluir a volta de outros parlamentares ao Congresso, entre eles o ministro do Trabalho, Ricardo Berzoini, que é deputado licenciado pelo PT. O presidente também pretende desinchar a máquina administrativa, com o enxugamento de cargos de confiança e secretarias com status de ministério.

Lula passou o dia de ontem em várias reuniões com ministros, no Palácio do Planalto. Sabia desde cedo que Dirceu lhe entregaria a carta de demissão. Depois de participar de sua última cerimônia no governo - a solenidade para sancionar a Lei do Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social -, o chefe da Casa Civil foi abordado por repórteres. Questionado sobre sua saída, demonstrou mágoa: "Alguém está preocupado comigo? Eu não sou tão importante assim."

Devem deixar a equipe, ainda, os ministros da Previdência, Romero Jucá - indicado pelo PMDB -, e da Saúde, Humberto Costa, que é do PT. Contra Jucá pesam várias acusações - de abuso do poder econômico a desvio de recursos públicos, passando por garantia de empréstimos bancários inexistentes. No caso de Humberto Costa, o problema seria a falta de eficiência administrativa.

Na prática, Lula ficou aliviado com a saída de Dirceu, que vinha lhe causando dores de cabeça desde o caso Waldomiro Diniz, o assessor da Casa Civil flagrado pedindo propina a um bicheiro. Fez de tudo para segurar o amigo, apesar de várias vezes ter ficado irritado com ele, pelas críticas que fazia à política econômica, capitaneada por Antonio Palocci.

Na tentativa de abafar a mais grave crise política do seu governo, Lula agora estuda a possibilidade de fazer um pronunciamento à Nação, com discurso otimista sobre o governo, em cadeia nacional de rádio e TV.

"O presidente me disse que a reforma sairá mesmo nos próximos dias", contou o ministro da Educação, Tarso Genro. "Ele já tem mais ou menos na cabeça o que vai fazer." Uma das alternativas sobre a mesa prevê o reforço do PMDB no governo. Não sem motivo: Lula precisa de aliados que garantam estabilidade na CPI dos Correios.