Título: PT faz em SP ato contra a 'lógica do golpismo'
Autor: Cida Fontes, Guilherme Evelin, Fabíola Rodrigues
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/06/2005, Nacional, p. A10

O PT espera desesperadamente hoje marcar a guinada para limpar a imagem da legenda. Com caravanas de vários Estados e a presença esperada de até dois mil militantes, o "ato em defesa do PT e da democracia", às 19h na Casa de Portugal, vai responsabilizar a oposição ao governo Lula e a direita pela crise atual. "O que está em curso é uma campanha para difamar o PT, atingir o governo e dificultar nosso caminho em 2006", diz o secretário de relações internacionais do partido, Paulo Ferreira. "É a lógica do golpismo", sustenta o presidente da Central Única dos Trabalhadores, Luiz Marinho. Difícil será evitar que a pajelança não se trasnforme num desagravo ao ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, já fora do governo. A cúpula petista quer unificar o discurso da legenda e mobilizar a militância. A CUT, o Movimento dos Sem-Terra, a União Nacional dos Estudantes e outras entidades ligadas à Coordenação dos Movimentos Populares já aderiram e prometem ir às ruas, diz a página do PT na internet. "Agora é guerra. O que está em jogo é uma disputa de projetos. Somos contra o golpismo e a corrupção; nem o golpismo de FHC e Bush, nem a corrupção; e em defesa de uma reforma política democrática e de mudanças na política econômica", afirmou João Pedro Stédile, segundo o site. Será lançado ainda um manifesto pregando a reforma política.

Além de José Dirceu, são aguardados os ministros petistas, pelo menos os de São Paulo, deputados, prefeitos e vereadores. Até o ministro da Fazenda e antítese de Dirceu no governo, Antônio Palocci, deverá estar por lá.

Antes, os dois devem se encontrar numa reunião decisiva do Campo Majoritário, grupo que domina o partido. O encontro vai preparar a posição do Campo a ser defendida no diretório nacional, amanhã. O principal assunto na pauta é o destino do tesoureiro Delúbio Soares e do secretário-geral Sílvio Pereira, citados pelo deputado Roberto Jefferson na denúncia do mensalão. As pressões para que ambos peçam afastamento do partido são muito grandes. O assunto deve ser tratado na reunião do diretório nacional. Um grupo de senadores já pediu o afastamento de Delúbio e o deputado Ivan Valente, entre outros, quer levar o caso a voto.

Além de defender seus principais representantes no comando do partido, o Campo Majoritário ainda precisa calibrar sua avaliação da conjuntura política e econômica. "É hora de subir o tom da crítica à política econômica e mostrar que o PT não é só o governo", defendeu um dirigente.