Título: Comando da CPI admite investigar mensalão
Autor: Gerusa Marques
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/06/2005, Nacional, p. A13

O presidente da CPI dos Correios, senador Delcídio Amaral (PT-MS), e o relator Osmar Serraglio (PMDB-PR) admitiram ontem que as investigações da Comissão poderão extrapolar a estatal e acabarem se estendendo à denúncia de pagamento de R$ 30 mil de mesada para que deputados do PL e do PP votassem com o governo. Até o início da noite de ontem, a CPI havia recebido 101 requerimentos para convocar autoridades, políticos e empresários, além de solicitar a quebra de sigilo bancário, fiscal e telefônico do PT e do PTB, entre outros. Um dos requerimentos pede a convocação de Waldomiro Diniz, ex-assessor do ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu. "Todas as nomeações que eram feitas passavam pelo Waldomiro Diniz. Ele atuava em uma posição de frente", alegou o senador Álvaro Dias (PSDB-PR), autor do pedido.

"Em princípio não tem bom senso um requerimento com esse objeto", reagiu o presidente da CPI. Com a tentativa de convocar Diniz, a oposição quer fazer uma investigação abrangente por entender que o ministro Dirceu seria o mentor das irregularidades nas estatais, entre elas os Correios, e suposta compra de parlamentares.

Tanto Delcídio quanto Serraglio argumentaram, no entanto, que nesta fase inicial de trabalhos, as investigações da CPI ficarão centradas nas denúncias de esquema de corrupção nos Correios. "Se na CPI dos Correios houver qualquer fato relacionado com esse caso do chamado mensalão, nós vamos examinar", afirmou o relator.

A CPI ainda não montou um cronograma de trabalho. Por enquanto está acertado apenas o depoimento, na próxima terça-feira, do ex-diretor dos Correios Maurício Marinho, que foi flagrado recebendo propina. O ex-diretor de Administração dos Correios Antonio Osório, que era chefe de Marinho, deverá ser o próximo a depor.

Segundo Delcídio Amaral, o presidente nacional do PTB, deputado Roberto Jefferson (RJ), deverá ser convocado para depor em duas ou três semanas". "O ideal é que ele venha quando houver mais subsídios", explicou. O presidente da CPI defendeu ainda um entrosamento entre governo e oposição para o bom andamento dos trabalhos.