Título: Vereadores observam escândalo em Brasília e seguram CPI paulistana
Autor: Expedito Filho
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/05/2005, Nacional, p. A17

Enquanto Brasília estiver no olho do furacão político do País, os vereadores paulistanos seguem em stand-by. Apesar de já terem sido apresentados um pedido de abertura de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar um suposto mensalão durante a gestão Marta Suplicy (PT) e de convocação de dois integrantes da atual administração que teriam obtido informações sobre o esquema, nenhum foi apreciado pelo plenário da Câmara Municipal. O pedido de CPI, apresentado pelo vereador Dalton Silvano (PSDB), é baseado em reportagem da revista Veja, que acusava o empresário Jorge Moura, da Consladel, de pagar propinas a vereadores que apoiassem a gestão petista. A história teria chegado aos atuais secretário do Governo Municipal, Aloysio Nunes Ferreira Filho, e presidente da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), Roberto Scaringella. Os três negam as informações e chegaram a enviar ofício à Casa afirmando isso.

Na quarta-feira, o vereador Antonio Donato (PT) apresentou o pedido de convocação de Aloysio e Scaringella, para esclarecerem se têm ou não informações sobre o suposto mensalão. Tanto a CPI quanto essa convocação dependem da aprovação de 28 dos 55 vereadores.

É aí que as investigações emperram. "Não temos os votos necessários", admite Silvano. O tucano, em tese, conta com o apoio dos 11 colegas de bancada do PSDB. Entretanto, o governo José Serra, desde o começo do ano, tem deixado claro que está mais preocupado em administrar a cidade e sabe que uma CPI atrapalharia votações na Casa. Até porque poderiam entrar no rol de investigados votos importantes para o governo, que não tem maioria na Casa. "Toda essa história de Brasília esvaziou São Paulo", diz um tucano, que pede anonimato.

O pedido de convocação dos integrantes do governo tucano deveria ter sido apreciado ontem pelo plenário, mas a sessão foi suspensa. Com isso, até terça-feira as discussões de bastidores devem definir se Aloysio e Scaringella terão ou não de comparecer à Câmara. Na quarta-feira, o secretário disse ao Estado que uma eventual convocação "não teria sentido".