Título: Cotada para vaga, Dilma diz: 'Deus me livre'
Autor: Mariana Caetano, Vera Rosa
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/06/2005, Nacional, p. A4

O sucessor do deputado José Dirceu na Casa Civil deverá ter um perfil técnico, voltado para o gerenciamento. Diante da crise política que derrubou Dirceu, a tendência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é extinguir o ministério de Aldo Rebelo (Coordenação Política). Com esse cenário o nome da ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff, ganhou força. Mas ela já ligou para o Palácio do Planalto e disse que não quer assumir a Casa Civil: "Deus me livre!" A reforma ministerial não será tão ampla quanto Lula estava planejando. O presidente avalia que, nesse momento de crise, provocaria a paralisia do governo. A articulação política do governo será feita a partir do Congresso, pelos líderes do governo na Câmara e no Senado.

De público, momentos antes de participar da posse do diretor da Agência Nacional de Petróleo (ANP), Victor Martins, Dilma disse desconhecer a possibilidade de suceder Dirceu. "Ignoro tal conjectura."

O nome de Dilma enfrentaria resistências no Congresso, especialmente do PMDB. Os dirigentes desse partido reuniram-se ontem na casa do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), para quem a hipótese é "um desastre". Um nome apontado como opção é o do presidente da Infraero, Carlos Wilson, ex-senador e amigo de Lula. Depois de passar pelo PMDB, PPS e PTB, Wilson está no PT e transita bem em todos os partidos. Outros cotados são o governador do Acre, Jorge Viana e o titular do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, Jaques Wagner.

Segundo um interlocutor do presidente, este defendeu com firmeza a escolha de um novo "gerentão" dentro do próprio governo.

O presidente sabe que bancar a indicação de Dilma para a Casa Civil exigiria muita negociação com o PMDB. Depois que as denúncias do mensalão enfraqueceram o PP e o PL, o Planalto opera para fortalecer sua base de sustentação com ajuda desse partido.