Título: No PR, contratada da Petrobrás teria ajudado petistas
Autor: Eugênia Lopes
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/06/2005, Nacional, p. A11

Da densa teia de relações mantida pelo PT com partidos da base aliada - PTB, PL e PP -, exposta nos últimos dias, o PMDB pareceu sair incólume. Não no Paraná. Aqui, o processo de definição de alianças para as eleições municipais de 2004 também teve suas peculiaridades. No caso mais documentado, uma empresa de informática que prestava serviços para a Petrobrás teria fornecido os carros usados pelos cabos eleitorais da facção do PMDB que apoiava uma aliança com o PT, o PTB e o PL em Curitiba. Notas fiscais obtidas pelo Estado mostram que a CGI Informática alugou, em outubro de 2003, 70 automóveis, pagando, somente por dois dias, R$ 8.400. De acordo com a ala do PMDB curitibano favorável à candidatura própria, incluindo o deputado federal Gustavo Fruet, esses carros foram usados para transportar os defensores da aliança com o PT - e para apoiar a cooptação dos indecisos. Naquele mês, a chapa pró-PT, liderada pelo atual presidente do PMDB de Curitiba, Doático Santos, venceu a convenção municipal por 58 votos a 42. O PMDB apoiou a chapa do candidato do PT a prefeito, Ângelo Vanhoni, indicando seu vice, Nizan Pereira, secretário de Assuntos Estratégicos do Estado.

Vanhoni perdeu para Beto Richa, do PSDB. Fruet, pré-candidato a prefeito pelo PMDB, trocou o partido pelo PSDB, rompendo com o governador Roberto Requião e denunciando o "envolvimento explícito do PT no PMDB local". Membro do Conselho de Ética da Câmara, Fruet soltou um "agora entendo o que aconteceu em Curitiba", enquanto ouvia as denúncias do presidente do PTB, Roberto Jefferson (RJ), na terça-feira.

Relação da Petrobrás, obtida pelo Estado, mostra que a GCI tinha na época seis contratos em vigor com a estatal, no total de R$ 6,682 milhões. Dos seis, cinco foram firmados já sob o governo Lula. O Estado tentou, sem sucesso, falar com Selmo Flores, diretor da GCI.

Doático Santos negou que os carros tenham sido usados na convenção.

CAVALO DE TRÓIA

"Não houve interferência nenhuma do PT na convenção do PMDB", disse o presidente do PMDB de Curitiba. "Fruet sabia que não tinha chance na disputa e já tinha feito um acordo com Beto Richa. Chamei a operação na época de Cavalo de Tróia." O Estado não conseguiu falar com Angelo Vanhoni.

A Petrobrás informou que realmente teve um contrato com a CGI Informática há até um ano e meio atrás e observou que as referências da empresa para a prestação do serviço são muito boas. A empresa disse ainda que não pode ser responsabilizada pelas ações de suas contratadas.