Título: MEC poderá fiscalizar instituições denunciadas
Autor: Renata Cafardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/06/2005, Vida&, p. A20

O Ministério da Educação (MEC) fará visitas-surpresa a instituições eventualmente denunciadas por demissão em massa de doutores ou qualquer outro problema. É o que garante o secretário de Educação Superior do MEC, Nelson Maculan, que se disse "triste" ao constatar que as universidades estão baixando sua qualidade ao dispensar os professores mais preparados. Segundo ele, comissões seriam formadas em caráter de urgência para verificar cursos denunciados ou mesmo sorteados pelo MEC para receber a visita. Maculan acredita que a situação atual não vá frear o crescimento no número de doutores formados por ano. Em 2003, segundo o último Censo da Educação Superior, 8 mil novos doutores foram titulados.

"O doutorado não tem apenas demanda acadêmica", concorda o diretor de Avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento do Pessoal de Nível Superior (Capes/MEC), Renato Janine Ribeiro. Ele também acredita que o Brasil tem capacidade para aumentar muito sua quantidade de doutores, que hoje está em cerca de 50 mil.

Ribeiro enfatiza a importância do professor titulado para a instituição. "Obviamente o ensino será melhor tendo professores intelectualmente mais fortes."

São eles também os responsáveis pela chamada produção do conhecimento, por meio das pesquisas e da pós-graduação. "Assim, eles sabem o que está vivo na ciência e mantêm os cursos atualizados para os alunos", explica. "A sociedade tende a olhar apenas para a graduação. Mas é como um iceberg, a parte que todo mundo vê da universidade não é o todo", completa.

GREVES

Além das demissões de doutores, algumas instituições de ensino da capital enfrentaram greves de professores por atrasos de salário nos últimos meses. A Universidade Castelo Branco (Unicastelo), em São Paulo, ficou parada por três semanas em maio. A instituição alegava dificuldades financeiras por causa da alta inadimplência dos alunos. Uma nova administração está agora assumindo a instituição e o cenário começou a se regularizar.

Situação semelhante ocorreu na Universidade Santanna (UniSant'Anna), também na capital, que enfrentou uma greve de professores neste ano e, recentemente, contratou uma auditoria para uma reestruturação da gestão. Segundo o Semesp, o índice de inadimplência nas instituições paulistas varia de 12% a 15%.