Título: Lisboa: monopólio facilita corrupção no IRB
Autor: Fernando Dantas,Vasconcelo Quadros
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/06/2005, Nacional, p. A18

Novo presidente do instituto queO monopólio é a causa principal de supostos casos de corrupção no IRB-Brasil Resseguros, indicou ontem o novo presidente da instituição, Marcos Lisboa. Ele anunciou também que seu principal objetivo é acabar com o monopólio dos resseguros no Brasil exercido pelo IRB. Lisboa disse que "as melhoras introduzidas na governança do IRB ajudam muito, mas a solução definitiva é a abertura de mercado, com a qual problemas como os que estão sendo especulados deixam de existir". Ele não usou a palavra "corrupção", mas a referência foi óbvia. Nesta visão, o IRB é intermediário compulsório entre seguradoras brasileiras e resseguradores externos, e este poder cartorial pode dar margem a favorecimentos.

O IRB faz parte dos escândalos com partidos da base aliada como o PTB e o PP, com acusações de favorecimento à corretora Assurê, de Henrique Brandão, que teve um aumento espetacular na colocação internacional de resseguros, gerando comissões de R$ 3,2 milhões.

Ontem, em entrevista à imprensa na sede do IRB no Rio, Lisboa apresentou nova diretoria e explicou os planos de sua gestão. "Este é um momento difícil para esta casa, com uma complexa agenda pela frente e difíceis questões do passado a serem esclarecidas", disse Lisboa. O vice-presidente executivo é Pedro Carrano, atual presidente do Conselho Fiscal da instituição. Eduardo Nakao, conhecido ex-chefe da mesa de open-market do Banco Central é o novo diretor financeiro.

Em relação ao passado, Lisboa disse que "a nossa obrigação é disponibilizar todas as informações relevantes aos órgãos competentes de Estado, para que sejam feitas as investigações necessárias". Citou a Corregedoria-Geral da União (CGU), Ministério Público Federal e Polícia Federal. Há também Comissão de Sindicância interna, que divulgará relatório dia 23, e com a qual Lisboa disse não manter contato.

Na agenda para o futuro, o principal objetivo é o de acabar com o monopólio, permitindo que resseguradoras internacionais abram filiais no Brasil e façam contratos de resseguro diretamente com clientes brasileiros. "Assumi esta casa com o objetivo de prepará-la para a liberalização do mercado de resseguros", disse Lisboa, elogiando o corpo técnico do IRB.

Quanto à eventual privatização do IRB (100% das ações votantes estão com o governo, e 100% das não votantes com o mercado segurador), Lisboa disse que dependerá da evolução da liberalização. Ele decidiu também que todos os diretores vão trabalhar em sala única. r acabar com a reserva de mercado exercida pela estatal.