Título: Brasil e Japão rejeitam decisão dos EUA de limitar acesso a conselho da ONU
Autor: Denise Chrispim Marin
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/06/2005, Nacional, p. A18

Os governos do Brasil e do Japão rejeitaram a proposta dos Estados Unidos de incluir apenas mais dois ou três países entre os membros permanentes do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). Essas posições foram expressas diretamente em conversas telefônicas entre a secretária de Estado, Condoleezza Rice, e os ministros das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, e do Japão, Nobutaka Machimura, na última quinta-feira. A rejeição de Tóquio se deu mesmo com a informação de que Washington manterá seu apoio para que o Japão se torne um dos novos membros permanentes. A nova posição americana deverá consumir boa parte da reunião ministerial do G4, que se dará no próximo dia 22, em Bruxelas. Formado em setembro de 2004, o grupo é composto por Alemanha, Brasil, Índia e Japão e tem como princípio o apoio recíproco para o ingresso no Conselho de Segurança da ONU na condição de membros permanentes. O tema ainda deverá provocar um rebuliço na reunião da União Africana, no início de julho, na qual deverão ser definidos os candidatos do continente à mesma posição.

A receita defendida por Condoleezza nesta semana prevê o ingresso no CS, como membros permanentes, de "dois países ou algo assim", como explicou o subsecretário de Estado para Assuntos Políticos, Nicholas Burns. A expressão "algo assim" foi lida como uma possível cadeira para um país africano. A proposta revisada do G4, divulgada há dez dias, prevê o acesso de mais dois países africanos como membros permanentes e a postergação unilateral do direito ao veto das resoluções durante 15 anos pelos novos membros.Trata-se de fórmula que garantia maior equilíbrio regional ao time responsável por tomar as decisões mais delicadas na órbita internacional, alegam seus defensores.

Amorim disse a Condoleezza que a proposta dos EUA provavelmente não será aprovada na assembléia-geral da ONU.