Título: Eleição no Irã deve ter 2.º turno
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Fonte: O Estado de São Paulo, 18/06/2005, Internacional, p. A20

O conservador pragmático Akbar Hashemi Rafsanjani deve disputar o segundo turno da eleição presidencial iraniana com o reformista Mustafá Moin, de acordo com pesquisas de boca-de-urna feitas pelas campanhas dos dois. A informação confirma sondagens de intenção de voto que indicavam Rafsanjani como favorito entre os sete candidatos, porém sem condições de obter mais de 50% dos votos, como exige a lei. O resultado oficial deve sair hoje e o segundo turno provavelmente será semana que vem, como estipula a legislação eleitoral. ¿Rafsanjani e Moin são os dois primeiros, de acordo com nossas pesquisas¿, disse Mohammad Atrianfar, um dos assessores de Rafsanjani. ¿Minha previsão é que Rafsanjani e Moin terão a maioria dos votos. E não há uma enorme diferença entre eles¿, disse Mohammad Ali Abtahi, aliado do reformista e conselheiro do atual presidente do Irã, Mohammad Khatami.

Um alto funcionário do governo, que não quis identificar-se, também disse que Rafsanjani e Moin irão para o segundo turno. A princípio, o Conselho dos Guardiães, órgão com poder de vetar candidaturas, havia excluído o nome de Moin. Depois de protestos de reformistas, o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, interveio e acatou a candidatura dele.

De acordo com o Ministério do Interior, cerca de 55% dos 47 milhões de eleitores foram às urnas, porcentual menor do que na eleição presidencial anterior (2001), quando 67% votaram.

Mas o comparecimento foi satisfatório, já que o governo temia um boicote que poria em xeque a legitimidade do regime islâmico. Alguns grupos reformistas fizeram campanha pelo boicote. No entanto, havia longas filas em várias seções e as autoridades prorrogaram por duas horas a votação. Iranianos residentes no exterior puderam votar.

Nos EUA, onde vive mais de um terço dos 3 milhões de imigrantes, apesar de uma forte campanha pelo boicote houve votação em 33 cidades americanas.