Título: Jeb Bush vai atrás de Schiavo
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Fonte: O Estado de São Paulo, 18/06/2005, Vida&, p. A27

Governador quer saber quanto tempo ele levou para pedir socorro para Terri.

O governador da Flórida, Jeb Bush, irmão mais novo do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, pediu ontem que seja aberta uma investigação para saber quanto tempo Terri Schiavo demorou para ser atendida, há 15 anos, quando sofreu uma parada cardíaca que a deixou em estado vegetativo permanente. O governador solicitou que se investigue quanto tempo Michael Schiavo demorou para ligar para o serviço telefônico de emergência 911 desde que encontrou sua mulher desacordada em casa. Bush pediu a investigação em carta que enviou a Bernie McCabel, procurador estadual do condado de Pinellas-Pasco, no litoral oeste da Flórida, onde a mulher morreu. Segundo o governador, Michael Schiavo afirmou em 1992 que encontrou sua mulher às 5 horas de 25 de fevereiro de 1990. Depois, em entrevista a uma emissora de TV em 2003, disse que a encontrou às 4h30, mas não ligou para o 911 até as 5h40. "Passaram-se entre 40 e 70 minutos antes de ele ter feito o telefonema. Não sei por que demorou tanto", afirmou o governador .

O advogado de Michael Schiavo, George Felos, classificou os comentários do governador como "ridículos". "Não houve um lapso de uma hora. Michael escutou quando Terri caiu e ligou imediatamente para 911", afirmou Felos. "São alegações sem fundamento que servem somente para perpetuar uma controvérsia que não existe."

O caso de Terri, que morreu aos 41 anos após passar um terço de sua vida em estado vegetativo, desatou nos EUA uma inflamada controvérsia sobre o direito de viver ou morrer. A disputa judicial entre o marido, que defendia o desligamento da sonda que a alimentava, e a família da mulher, que queria prolongar sua vida, transformou-se em uma polêmica nacional na qual até o presidente Bush interferiu, aliando-se a grupos conservadores.

Quarenta juízes de seis tribunais e a Suprema Corte dos Estados Unidos analisaram o caso e deram razão a Michael Schiavo. Terri morreu em um hospital de doentes terminais de Pinellas Park, após ser desligada em 18 de março da sonda que a mantinha com vida. Na quarta-feira, os resultados de uma autópsia revelaram que ela estava mesmo em estado vegetativo, que seu cérebro pesava a metade de um cérebro normal e que ela não sofreu abusos físicos ou recebeu substâncias nocivas antes de sua morte.