Título: Publicitário se desculpa por negociação gravada
Autor: Nilson Brandão Junior
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/06/2005, Economia, p. B5

Em comunicado divulgado ontem, o publicitário Luiz Lara, da agência Lew, Lara, lamentou a notícia veiculada sobre a gravação de uma conversa entre ele e o diretor-superintendente da Schincariol, Adriano Schincariol, preso quarta-feira pela Polícia Federal, acusado de sonegação fiscal. A notícia, publicada pelo jornal Valor Econômico, transcreve trecho de um diálogo gravado pela PF em que o publicitário parece sugerir a Adriano Schincariol a compra de matérias nas revistas IstoÉ e Época para "blindar" a cervejaria. Na gravação, ele fala sobre problemas de caixa da Editora Três, que edita IstoÉ, e diz que, se a empresa pagasse a Domingo Alzugaray, diretor da Editora Três, a revista faria o que ele quisesse.

No começo de 2004, a IstoÉ Dinheiro publicou matéria sobre a tributação de cervejarias e, logo depois, reportagem de capa sobre "A Virada da Schin". Em nota divulgada ontem, Alzugaray nega que a revista venda matérias. Também o diretor de Época, Aluizio Falcão, negou que sua revista negocie reportagens. Em dezembro de 2003, Época publicou matéria sobre a briga entre a Schin e a AmBev e em dezembro de 2004 sobre a questão fiscal de cervejarias.

No comunicado, Lara lamenta que "um único diálogo, que se tornou público, pinçado do contexto de uma ampla negociação puramente publicitária tenha criado uma péssima percepção. Peço desculpas pelo que chamo de um terrível incidente e reitero a atitude ética e institucional de toda a equipe da agência".

Lara diz que o diálogo telefônico entre ele e Adriano Schincariol, "tratou, exclusivamente, da elaboração de um plano de mídia absolutamente técnico, identificado pela agência em veículos da Editora Três".

Segundo Lara, as negociações de espaços publicitários para a cervejaria se referiam à compra antecipada de anúncios com descontos, o que normalmente garante aos clientes melhores condições de preço. "Durante a conversa reconheço que me excedi inadvertidamente, pois uma agência de publicidade não tem a função e nem o poder de interferir no conteúdo editorial dos veículos de comunicação", afirma.