Título: Olívio culpa as 'más companhias'
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Fonte: O Estado de São Paulo, 08/06/2005, País, p. A5

PORTO ALEGRE - O ministro das Cidades, Olívio Dutra, atribuiu ontem a crise pela qual passa o governo federal às ''más companhias'' resultantes dos acordos políticos feitos para o estabelecimento de uma base de sustentação parlamentar. Olívio não indicou, durante a rápida entrevista que concedeu na 2ª Conferência Estadual das Cidades, em Porto Alegre, quem é a companhia à qual se refere, mas sua assessoria afirmou depois que se trata dos aliados de partidos que costumam ser oponentes ao PT e às administrações petistas, e isso inclui o presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson.

- Estamos pagando um preço pelas más companhias que tivemos de ter em razão de que o presidente Lula não foi eleito com maioria no Congresso. É evidente aí o que são as más companhias e quem são.

Olívio se disse favorável à abertura de uma CPI sobre corrupção em geral.

- O Legislativo tem um instrumento para fiscalizar o Executivo. E tem de fazê-lo funcionar bem. Muitas CPIs foram espaço para promoção pessoal, para vilania política. Esperamos que esta seja uma CPI séria, que vá fazer o que deve ser feito: reforçar o trabalho do governo, que já vem punindo e prendendo ladrões. Que nenhuma CPI possa ser palco pessoal de quem quer que seja ou antecipação eleitoral, principalmente essa - justificou.

O ministro afirmou desconhecer o esquema para pagamento de mesada a deputados do PP e do PL em troco de apoio no Congresso. Segundo Olívio, o PT deve procurar outros aliados para compensar a inexistência de uma maioria petista no Congresso.

Quando era governador do Rio Grande do Sul, em 2001, Dutra enfrentou uma CPI que nasceu para investigar a segurança pública e acabou apontando doações irregulares de banqueiros do jogo do bicho ao PT. Seis meses depois, com arquivamento da denúncia, o partido contabilizou a derrota nas eleições 2002.

- Não queremos ver o mesmo filme repetido em dimensão nacional - ressaltou.

O Planalto ainda não decidiu como agir com o PTB. Ao mesmo tempo em que precisa dos votos da bancada para garantir maioria no Congresso, sabe que a relação com seu presidente tornou-se inviável. Tentando manter-se no governo, parlamentares do PTB chegaram a defender a saída de Jefferson da presidência do partido. Na tarde de ontem, depois de um almoço de Jefferson com Mares Guia, o senador Fernando Bezerra (RN) afirmou que defende o afastamento temporário do deputado da presidência, até que sejam apuradas denúncias que o envolvem. Uma decisão nesse sentido será tomada dia 17 durante reunião do diretório nacional do PTB.