Título: Semana vai testar recuperação
Autor: Tom Morooka
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/06/2005, Economia, p. B4

Apesar da reação positiva nos últimos dias, investidor não baixa guarda, à espera de fatos novos na política e dados econômicos O mercado financeiro retomou aparente calmaria após a saída do ministro José Dirceu, da Casa Civil, na quinta-feira, mas não baixou a guarda em relação aos desdobramentos da crise política. Nos dois últimos dias da semana passada, a Bolsa de São Paulo valorizou-se 2,40% e o dólar recuou 1,93%. Foi uma resposta, segundo especialistas, à percepção de que a queda de Dirceu tira o governo do imobilismo e fortalece a política econômica comandada pelo ministro Antônio Palocci, da Fazenda. A idéia também é que a rotina da economia, sustentada por bons fundamentos, permanecerá descolada da turbulência política, a menos que surjam fatos novos negativos que alcancem o núcleo do governo - o próprio presidente ou o ministro Palocci - ou sinais de mudança na política econômica, o que parece improvável.

O interesse dos investidores esta semana estará dirigido, na área política, às primeiras movimentações da CPI dos Correios e ao depoimento do ex-presidente do PTB, deputado Roberto Jefferson. O autor das denúncias sobre o esquema de mensalão na Câmara deve depor na Comissão de Sindicância possivelmente na quarta-feira.

O noticiário político não vai atrair a atenção dos investidores com eventos e dados específicos do mercado. O fato mais aguardado é a divulgação, na quinta-feira de manhã, da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, que decidiu pela estabilização do juro básico em 19,75% ao ano, depois de nove elevações consecutivas.

O economista Marcelo Castello Branco, da Modal Asset Management (MAM) , comenta que a ata deve justificar a manutenção da taxa básica sem transmitir exagerado otimismo que estimule forte queda dos juros futuros. Um movimento desses seria indesejável para o BC porque os juros futuros são referência para o custo do dinheiro de empréstimos e financiamentos e, se ficarem muito desalinhados com a taxa básica, poderão anular a puxada dos juros comandada pelo BC até agora.

Seja como for, a ata não deve inibir as especulações sobre o início do corte do juro pelo BC, principalmente com a divulgação de novos indicadores econômicos. Começa hoje pela pesquisa Focus, em que, segundo Castello Branco, a projeção de inflação do mercado deve passar por nova revisão para baixo após a deflação apontada pelas últimas rodadas de IGPs. Ainda hoje será conhecida a inflação pelo IPC da Fipe na segunda quadrissemana do mês; amanhã, a segunda prévia do IGP-M. O dado mais aguardado, o IPCA-15 de junho, será divulgado na quinta-feira. Ele é considerado uma antecipação do IPCA, indicador-alvo da política de metas de inflação do BC.

No cenário externo, dois dados, ambos nos EUA, vão atrair as expectativas. O primeiro deles são os dados semanais sobre o pedido de auxílio-desemprego, na quinta-feira, e o outro sobre as encomendas de bens duráveis, na sexta-feira.