Título: Presidente já escolheu aliado de Sarney para Minas e Energia
Autor: Denise Madue¿o
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/06/2005, Nacional, p. A4

Se Dilma for para a Casa Civil, o atual presidente da Eletrobrás, um técnico do PMDB, deve assumir o ministério BRASÍLIA - O PMDB deverá ser beneficiado diretamente com o provável deslocamento da ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff, para o comando da Casa Civil. Dentro do plano de reforma ministerial, o presidente Lula já avisou a interlocutores que pretende entregar a pasta para o PMDB. O presidente já tem, inclusive, seu nome preferido: o atual presidente da Eletrobrás, Silas Rondeau Cavalcante Silva, aliado político do senador José Sarney (PMDB-AP). Lula reconhece que é preciso dar maior espaço dentro do governo ao PMDB, garantindo a adesão política definitiva do partido. Com um número maior de ministérios dirigidos pelos peemedebistas, Lula não tem dúvidas de que a aliança se solidificará e se reproduzirá nas votações dentro do Congresso.

Para o PMDB, a ampliação do espaço dentro do governo é justamente a pretensão do partido.

Um dirigente peemedebista reclama que, mesmo depois que o partido entrou oficialmente na equipe ministerial, não recebe tratamento adequado do governo, sendo excluído das formulações políticas. "O governo trata o PMDB como uma amante. Quer se aproveitar, mas se recusa a apresentá-la à família, não aceita tornar a relação oficial", diz o dirigente.

A opção por Silas Rondeau agrada Lula pelo seu perfil técnico e por sua proximidade política com Sarney. O presidente se considera em débito com o senador, já que planejava convidar a senadora Roseana Sarney para o primeiro escalão na malograda reforma ministerial feita há quase três meses.

Além disso, Silas Rondeau é hoje um dos principais quadros dentro da equipe técnica do governo para o setor. Indicado por Sarney, Rondeau começou o governo Lula chefiando a Eletronorte. Em abril de 2004, a própria Dilma Rousseff assinou sua nomeação para o comando da Eletrobrás.

Maranhense de Barra do Corda, Rondeau é engenheiro e já presidiu outra subsidiária da Eletronorte, a Manaus Energia, além de ter ocupado a presidência da Boa Vista Energia.

Entregar Minas e Energia ao PMDB também serviria para pacificar a relação política entre o partido e Dilma. Em abril, o PMDB comandou rebelião no Senado, derrubando no plenário a indicação feita por Dilma à presidência da Agência Nacional de Petróleo. Dilma havia rejeitado a indicação do partido para Eletronorte.