Título: Dirceu terá de depor sobre mensalão
Autor: José Maria Tomazela
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/06/2005, Nacional, p. A6

Ex-ministro reassume mandato na quarta e vai depor na Comissão de Sindicância BRASÍLIA - O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu reassume quarta-feira seu mandato de deputado federal já com seu depoimento marcado para esta semana na Comissão de Sindicância da Câmara, que investiga as denúncias do presidente licenciado do PTB, Roberto Jefferson (RJ), de que ele seria o chefe do esquema do mensalão. O depoimento de Dirceu foi acertado pelo corregedor da Casa, deputado Ciro Nogueira (PP-PI), antes de o ministro anunciar sua saída da Casa Civil, na quinta-feira. O dia do depoimento na comissão - que Nogueira se nega a revelar - foi escolhido por Dirceu. A comissão, que tem feito audiências a portas fechadas, evita divulgar datas dos depoimentos para evitar constrangimentos aos parlamentares chamados como convidados. Depois de adiar seu depoimento, marcado para a semana passada, Jefferson pediu para ser ouvido em seu apartamento na próxima quarta-feira, às 11 horas.

O corregedor disse que tentará concluir os depoimentos nesta semana. Já foram ouvidos os deputados Pedro Corrêa (PE), presidente do PP, José Janene (PR), líder do PP, e Pedro Henry (PP-MT), do total de 14 deputados e um senador - Ney Suassuna (PMDB-PB) - convidados a prestar esclarecimentos. Nogueira não descarta acareações porque, até agora, os deputados ouvidos negaram as declarações de Jefferson.

O corregedor considerou "muito graves" as acusações de que Janene seria um dos operadores do mensalão. "Tenho ele como um homem de bem. Todo deputado, até que se prove o contrário, é inocente", afirmou Nogueira. O deputado Miro Teixeira (PT-RJ) terá de explicar na comissão suas declarações consideradas contraditórias, já que primeiramente ele teria negado que soubesse do mensalão, mas depois admitiu ter ouvido falar no esquema. "Isso tem de ser esclarecido", disse Nogueira, que considera falta de decoro e, portanto, sujeito a processo de punição, um parlamentar ter conhecimento de ilegalidades e não torná-las públicas.