Título: Valério ganha mais contratos na era Lula
Autor: José Maria Tomazela
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/06/2005, Nacional, p. A6

Publicitário abocanhou R$ 150 milhões em cinco órgãos e estatais e na Câmara A DNA Propaganda e a SMPB, as duas principais empresas do publicitário mineiro Marcos Valério Fernandes de Souza, tiveram seus ganhos em contratos com o governo Lula expressivamente aumentados a partir do final de 2003. Com cinco órgãos e estatais do Executivo e com a Câmara, as empresas do publicitário assinaram contratos que somam R$ 150 milhões, conforme cálculo publicado ontem pelo jornal Folha de S. Paulo. Só o Banco do Brasil, que seria seu principal cliente oficial, deixou para a DNA a administração de R$ 86 milhões, ou seja, um terço das despesas de publicidade do banco, que, em 2004, foram de R$ 262,8 milhões e cresceram 71% em relação a 2003. Marcos Valério foi acusado pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) de ter levado à sede do PTB malas com R$ 4 milhões, em cumprimento parcial de suposto acordo com o PT para apoiar o governo. Em depoimento na semana passada ao Conselho de Ética da Câmara, Jefferson referiu-se a Marcos Valério como o "carequinha", que "fala em dinheiro como uma coisa que caísse do céu". Onde começou o escândalo do mensalão, nos Correios, uma outra empresa da qual Valério é sócio, a SMPB, detém conta de R$ 29,6 milhões desde novembro de 2003. A SMPB também obteve, em 15 meses, três aditivos ao contrato que mantém com Câmara dos Deputados. O valor, que começou em R$ 9 milhões, saltou para R$ 21,8 milhões e foi acertado quando ainda era presidente da Câmara o petista João Paulo Cunha (SP). Questionado sobre os aumentos, João Paulo atribuiu à área técnica da Câmara a decisão de aumentar o valor. A DNA mantém contratos com a Eletronorte, desde 2001. Em 2003, eles estavam em R$ 8,9 milhões, passaram para R$ 10,9 milhões em 2004 e este ano para R$ 12,4 milhões. Aconteceu o inverso com o contrato que a empresa detém no Ministério do Trabalho: de R$ 4,8 milhões em 2003 caiu para R$ 469 mil este ano. Quando levou a concorrência da Câmara, a SMPB, registrada em nome da mulher de Valério, Renilda Fernandes Souza, havia ficado em terceiro lugar no item preço. A Artplan ofereceu menor preço. Mas foi dada oportunidade à SMPB de declarar que faria o serviço pelo custo da concorrente. A SMPB trabalhou ano passado na campanha vitoriosa do petista Emídio de Souza à prefeitura de Osasco, reduto eleitoral de João Paulo.