Título: MST vai para a rua defender Lula
Autor: José Maria Tomazela
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/06/2005, Nacional, p. A6

Sem-terra atendem a apelo do ex-ministro José Dirceu e preparam passeata contra o que consideram "golpismo" SOROCABA - O Movimento dos Sem-Terra (MST) vai assumir a defesa do governo Lula, acuado pelas acusações de corrupção. O movimento realizará, dia 1º de julho, em Goiânia, uma passeata contra o que chama de "golpismo" das elites, que estariam utilizando as denúncias para enfraquecer o governo. A manifestação, organizada pela Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS), da qual o MST é o principal braço, ocorrerá durante o Congresso da União Nacional dos Estudantes, na capital goiana. Em nota divulgada no último sábado pela Secretaria Nacional, o MST se declara contra a corrupção, mas também "contra esse golpismo". "Por isso, defendemos a apuração de todas as denúncias do governo Lula e dos governos anteriores, principalmente FHC."

Depois de assinalar que o movimento participou da eleição de Lula - "uma liderança da classe trabalhadora" -, os dirigentes do MST lembram que, com o passar dos meses, as esperanças de mudança foram diminuindo. "Ficou nítida a opção por uma política claramente neoliberal, resultando em alianças com setores conservadores da política e da sociedade."

De acordo com a nota, com as denúncias de corrupção divulgadas nas últimas duas semanas, o circo foi armado. "A elite utilizou as declarações de Roberto Jefferson (PTB), da base governista, para criar uma cortina de fumaça e enfraquecê-lo, levantando até a possibilidade de impedimento."

O MST diz defender a apuração de todas as denúncias, "até as últimas conseqüências", mas considera que a direita utilizou a situação para antecipar o calendário eleitoral. "Ou eles investem de vez no enfraquecimento do governo e partem para a consolidação de uma candidatura, ou fazem um novo pacto, com o estabelecimento de políticas mais à direita e sem alteração na economia." Um exemplo claro, segundo o movimento, é a proposta de privatizar os Correios como forma de evitar a corrupção, seguindo os ditames das mudanças neoliberais.

DO LADO DO POVO

De acordo com a nota do MST, este é um momento de decisão e de disputa de projetos. "O governo pode ampliar a política que vem aplicando ou pode vir para o lado do povo. Precisamos ir para as ruas, mostrar o apoio às decisões de mudanças na política econômica e a prioridade do cumprimento dos direitos sociais. Vamos exigir do governo demonstrações de que está ao lado do povo, na defesa dos direitos sociais e a favor da reforma agrária."