Título: Reformistas se unem a Rafsanjani
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Fonte: O Estado de São Paulo, 20/06/2005, Internacional, p. A10

Eles pedem voto para ex-presidente iraniano na tentativa de evitar que prefeito linha-dura de Teerã vença segundo turno

TEERÃ - Os reformistas iranianos pediram ontem o apoio de seus seguidores para o pragmático clérigo Akbar Hashemi Rafsanjani, a fim de impedir que seu inesperado rival no segundo turno, o linha-dura Mahmoud Ahmadinejad, vença as eleições presidenciais. O segundo turno será realizado sexta-feira. O principal partido reformista do Irã, a Frente de Participação Islâmica, conclamou os eleitores a votar para impedir que Ahmadinejad, ligado à linha-dura Guarda Revolucionária, chegue ao poder. "Agora o país enfrenta o perigo de um envolvimento direto dos partidos militares no processo", assinalou a frente em um comunicado. Outro partido reformista, a Organização Revolucionária Islâmica Mujahedin, anunciou que unirá forças em torno de Rafsanjani, apesar das divergências entre as duas partes. Dirigentes conservadores, por sua vez, pediram apoio para Ahmadinejah, prefeito de Teerã. O ex-presidente Rafsanjani, de 70 anos, foi o mais votado no primeiro turno, sexta-feira, mas obteve apenas 21% dos votos - pouco mais que metade dos 40% que analistas políticos acreditavam que ele obteria. A surpresa eleitoral foi Ahmadinejah ter sido o segundo mais votado, com 19%. Pela primeira vez, a eleição presidencial não foi decidida no primeiro turno. O ex-líder do Parlamento Mahdi Karroubi, que ficou em terceiro lugar, escreveu para o líder supremo do país, aiatolá Ali Khamenei, exigindo garantias de que a Guarda Revolucionária não tentará manipular os resultados. Na carta, Karroubi também pede uma investigação da acusação de que grupos vigilantes pressionaram os eleitores em quatro províncias. Embora o Conselho dos Guardiães da Revolução tenha confirmado ontem o resultado da votação, ele deu três dias aos candidatos derrotados para que apresentem formalmente denúncias de fraude. A secretária americana de Estado, Condoleezza Rice, disse ontem que as eleições iranianas não foram verdadeiramente democráticas.