Título: 'É uma despreocupação perigosa'
Autor: Vasconcelo Quadros
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/06/2005, Nacional, p. A8

Para Chico Alencar, cúpula do partido optou pela solidariedade

O deputado Chico Alencar (PT-RJ) viu como "uma mistura razoável de solidariedade com uma despreocupação perigosa" a decisão da cúpula partidária de manter nos cargos o tesoureiro do PT, Delúbio Soares, e o secretário-geral do partido, Silvio Pereira. Alencar é um dos cinco petistas que propuseram na reunião, sábado, do diretório nacional do PT o afastamento dos dois dirigentes até a apuração das denúncias do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), que os acusa de repassar mensalão a deputados. Como o senhor, que defendeu a licença de Delúbio Soares e Silvio Pereira, avalia a decisão do PT de mantê-los em suas funções?

Acaba sendo uma mistura de razoável solidariedade com uma despreocupação perigosa com a questão pelo conjunto das denúncias que a cada dia se buscam e se revelam. A biografia do acusador (Jefferson) não o credencia para que acreditemos mais nele do que em nossos companheiros.

Por que o pedido de licença de Delúbio e Silvio não foram votados na reunião do diretório de sábado?

O Genoino (o presidente do PT, José Genoino) fez um apelo para que o diretório nacional não votasse isso, apesar de vários companheiros terem recomendado o afastamento. Não era expulsão, nada disso. Inclusive o senador Suplicy (Eduardo Suplicy, SP) propôs que a licença deles fosse remunerada. O desligamento das funções foi proposto para que tanto o Delúbio quanto o Silvio pudessem se dedicar, inclusive, à defesa deles.

Durante a reunião do diretório tanto o Silvio quanto o Delúbio se defenderam das acusações. Eles convenceram de que são inocentes? Como foram os depoimentos?

Longos. Ambos disseram que não aceitavam sair espontaneamente e que só sairiam obrigados, por uma decisão votada. Falaram ainda que, se o partido deliberasse pela saída deles, se sentiriam descartados, como se fossem responsabilizados individualmente.

E sobre as acusações?

Eles afirmaram que não fizeram nada de errado e que sempre agiram de acordo com o partido. Falaram que mala e mensalão não existem.