Título: Juro já pode cair, diz Mantega
Autor: Adriana Chiarini
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/06/2005, Economia, p. B5

Presidente do BNDES cobra política monetária mais flexível

A inflação está sob controle e já há condições para a queda da taxa de juros, a Selic, considera o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Guido Mantega. "A política monetária tem de ser flexibilizada", cobrou. "Não sei se vai ser daqui a um mês ou dois", disse Mantega, apostando na queda da Selic, em rápida entrevista após cerimônia de entrega do Prêmio BNDES de Economia. Durante o evento, Mantega esteve com o diretor de Política Econômica do BC, Afonso Bevilaqua, que foi o orientador da tese de mestrado que ficou em primeiro lugar, "Fatores externos e o risco país", de Caio Megale. Segundo o presidente do BNDES, ele e Bevilaqua não conversaram sobre juros. O diretor do BC não deu entrevista. Mantega também espera o aquecimento da economia no segundo semestre, com o crescimento econômico ficando entre 3% e 4% este ano. Segundo ele, a política econômica conduzida pelo governo "não é ortodoxa e não vai caminhar no sentido da ortodoxia". E, ainda de acordo com Mantega, não procedem as análises de que, com a saída de José Dirceu da Casa Civil, a política econômica ficaria mais conservadora. "A política econômica será expansionista", disse. Segundo ele, os economistas estariam confusos com uma confluência de fatores inédita: crescimento econômico, com inflação e contas fiscais sob controle, além de superávit com o exterior nas transações correntes (balanças comercial, de serviços e transações unilaterais). Na opinião do presidente do BNDES, são mudanças que vieram para ficar. Mantega considera possível manter superávits em transações correntes indefinidamente. "Pode-se manter e foi mantido em países que trilharam o caminho para o crescimento, que é o caso da China", disse ele, para quem o crescimento econômico será financiado pela poupança interna, com desenvolvimento do mercado de capitais. Com discurso otimista, o presidente do BNDES pareceu estar seguindo a estratégia do governo de ignorar a atual crise política. "A pauta da crise foi substituída pela do desenvolvimento sustentável", afirmou.