Título: Para Pastoral, apoio vem acompanhado de cobrança
Autor: Alexandre Rodrigues
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/06/2005, Nacional, p. A13

Dom Tomás Balduíno, presidente da Comissão Pastoral da Terra (CPT), disse ontem que a iniciativa do Movimento dos Sem-Terra (MST) de ir às ruas para defender o presidente Lula e o governo do PT virá acompanhada de uma cobrança: o compromisso de acelerar políticas sociais como a reforma agrária. Para d. Tomás, o fato de o MST atender ao pedido do deputado José Dirceu (PT-SP) demonstra que os movimentos sociais ainda não perderam totalmente a confiança em Lula, mas ressalta que a insatisfação com o governo é muito grande. "O PT pode fazer esse pedido à vontade, mas tem um preço. Tem que haver uma contrapartida, que é o desafio maior: mudar o sistema. Em vez de privilegiar o capital internacional, voltar para o social", disse d. Tomás ao Estado, após participar da abertura do VIII Congresso Brasileiro de Defesa do Meio Ambiente, no Rio, onde fez uma homenagem à missionária Dorothy Stang, assassinada em fevereiro no Pará. "A gente que vem do meio popular vê que o pessoal tem Lula como referência, mas está indignado ao mesmo tempo. A reforma agrária não caminha", criticou. Para o ex-bispo de Goiás Velho (GO), a mão que o MST quer estender ao governo é uma demonstração de que "o pessoal ainda não abriu mão da figura do Lula. Se houver uma reeleição, esse pessoal todo que o critica vai votar nele".