Título: 'Financial Times' avalia que escândalo enfraqueceu Lula e sua base de apoio
Autor: Com Dow Jones
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/06/2005, Nacional, p. A5

Era de se esperar que o Partido dos Trabalhadores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva passasse o ano comemorando, em grande estilo, seus 25 anos de existência, afirmou o jornal britânico Financial Times, em sua edição de ontem. Em vez disso, diz o jornal, Lula e o partido, cada um a seu modo, passaram a semana mergulhados em reuniões de emergência para discutir uma solução ao escândalo de corrupção que desfechou a maior crise desde que eles assumiram o poder, em 2003. No título, a reportagem usa uma expressão do jargão político americano para exprimir a incapacidade do governo em resolver a crise - "Lula faces lame-duck presidency in Brazil crisis". "Lame-duck" (pato manco, na tradução literal) é aplicada a mandatários que estão politicamente enfraquecidos (Cambridge International Dictionary of Idioms) ou que, em razão dos problemas políticos, optam por não se candidatar à reeleição (www.dictionary.com). O FT relata que um homem-chave na coalizão de governo foi acusado de comandar esquema para arrancar comissões de empresas estatais e, por sua vez, acusou o PT de pagar parlamentares em troca de apoio. O FT explica aos leitores ingleses que José Dirceu era um dos mais influentes ministros de Lula, mas foi acusado de conhecer o suposto esquema de pagamento aos deputados. Sua saída do governo, diz o jornal, foi decidida num contexto em que ele continuará ajudando a administração Lula à distância. Segundo o FT, mesmo que as denúncias sejam falsas e a equipe econômica consiga se manter intacta, o governo e sua coalizão (que vai da extrema-esquerda à centro-direita, diz o jornal) se enfraqueceriam consideravelmente. Segundo o FT, as últimas pesquisas ainda apontam o favoritismo de Lula em 2006. Mas o senador Cristovam Buarque (PT-DF) disse ao jornal que se Lula se reeleger terá menos parlamentares do PT no Congresso.