Título: Aprovação de contas aumenta tensão entre tucanos e PT
Autor: Eduardo NunomuraThélio de Magalhães
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/06/2005, Metrópole, p. C1

A aprovação do balanço de 2004 da gestão Marta Suplicy (PT), anteontem, pelo Tribunal de Contas do Município (TCM), aumentou a polêmica entre tucanos e petistas. O prefeito José Serra (PSDB) disse que recebeu a Prefeitura em situação "pior" do que a ex-prefeita, ao contrário do que pensam os conselheiros do órgão. Por sua vez, a gestão passada reafirmou que o dispositivo que fez com que as contas tivessem respaldo na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) foi copiado do governo Geraldo Alckmin (PSDB). "Não tem paralelo, imagina", disse ontem Serra. "Recebemos R$ 2,1 bilhões de restos a pagar em aberto. Eles (gestão Marta) receberam R$ 1 bilhão." O prefeito explicou que não iria "julgar" a decisão do TCM.

Coube ao líder do governo na Câmara, José Aníbal (PSDB), fazer ataques mais contundentes. "O parecer não resiste a nenhuma análise mais profunda. Se disseram que havia R$ 91 milhões de sobra no caixa, por que ela não pagou a parcela da dívida de dezembro, que fez a Prefeitura ter R$ 55 milhões seqüestrados pelo Banco do Brasil?" O líder do PT na Câmara, João Antônio, respondeu que "mentira tem perna curta" e o "TCM restabeleceu a verdade". Assim como a equipe de Marta, ele lembrou que o cálculo para a sobra de R$ 91 milhões em caixa ocorreu com base em um dispositivo copiado da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) estadual de 2002, último ano do primeiro mandato de Alckmin. O secretário-adjunto de Estado de Economia e Planejamento, Carlos Luque, explicou que o dispositivo, também incluído no projeto da LDO para 2006, tem foco em contratos continuados, e não em uso indiscriminado. "Não teria sentido deixar em caixa um aluguel de imóvel de todo o ano seguinte."