Título: Para ONG, sentença é injusta e ignora qualidade do trabalho
Autor: Eduardo NunomuraThélio de Magalhães
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/06/2005, Metrópole, p. C1

Coordenador do GTPOS, condenado a ressarcir 30% dos mais de R$ 2 milhões previstos em contrato, vai recorrer

A decisão da juíza Christine Santini não questiona os trabalhos realizados pela ONG da ex-prefeita, mas visa a punir Marta Suplicy, a ex-secretária de Educação e o próprio GTPOS por ter ocorrido uma contratação sem licitação na Prefeitura. "Não houve caracterização de dano", sentenciou a juíza. O coordenador técnico da ONG Antonio Carlos Egypto, que vai recorrer da sentença, acha que ainda assim o trabalho realizado em mais de mil escolas nunca teve seu valor reconhecido. "O que está se deixando de lado é um trabalho educativo de alta qualidade, realizado por uma ONG sem fins lucrativos e com o maior empenho, seriedade e dedicação à população, que ainda hoje precisa desse tipo de intervenção", desabafou ontem. "Isso mereceria ser aplaudido e não condenado." Egypto considerou a decisão "absolutamente injusta" e não leva em consideração o trabalho desenvolvido nas 31 subprefeituras paulistanas, com a capacitação de professores para dar orientação sexual aos estudantes. Os técnicos se reuniam semanalmente nas escolas fundamentais e de jovens e adultos, quinzenalmente nas infantis e creches. Segundo ele, parte dos custos de mais de R$ 2 milhões se referia à distribuição de materiais. O GTPOS foi condenado a ressarcir 30% do valor do contrato. Mas, segundo suas planilhas, a ONG cobrou 10% de taxa de administração pelo contrato com a Prefeitura, nos anos de 2003 e 2004. Ficaram como restos a pagar R$ 430 mil para a atual administração, de José Serra (PSDB), que pagou R$ 100 mil neste ano e o restante foi parcelado em sete anos.