Título: Tanure desiste da Varig
Autor: Mariana Barbosa
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/06/2005, Negócios, p. B14

Pedido de recuperação judicial desestimulou empresário

Menos de 24 horas após o acordo de venda de 20% da Varig para a TAP ter sido suspenso, o empresário Nelson Tanure, dono dos jornais Gazeta Mercantil e Jornal do Brasil, desistiu ontem da compra de 80% das ações da Varig por até US$ 450 milhões. A informação é da presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas, Graziella Baggio, que se reuniu com Tanure para conhecer a proposta. Segundo a sindicalista, Tanure pagaria US$ 100 milhões de imediato mais US$ 350 milhões durante a recuperação da Varig, que seria realizada por instrumentos como a oferta e venda de ações. A Fundação Ruben Berta, dona de 87% dos papéis da Varig, ficaria com participação de 20%. "Esta proposta foi desprezada pela Fundação Ruben Berta. A nossa preocupação aumentou, porque a Varig só terá 60 dias para apresentar um plano", diz Graziella. A sindicalista conta que Tanure, que começou a negociar em meados de março, desistiu do negócio porque a Varig decidiu recorrer à nova Lei de Falências. Segundo pessoas que acompanham a negociação, Tanure era visto com desconfiança. O empresário é conhecido por sua tática de comprar empresas em situação pré-falimentar sem assumir dívidas, e realizar demissões em massa sem pagamento dos direitos trabalhistas, como foi feito nos jornais que comanda. Tanure foi procurado, mas até o fechamento desta edição não retornou. Na sexta-feira, a Varig entrou com um pedido de recuperação judicial na 8ª Vara Empresarial do Rio para garantir um período de 180 dias de proteção contra eventuais execuções judiciais, que poderiam atrapalhar sua reestruturação. Dentro desse prazo, a empresa terá 60 dias para apresentar um plano de reestruturação aos credores. O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro informou que o juiz Alexander Macedo, que analisa o caso, deverá dar hoje o seu veredicto sobre o pedido da Varig. Na segunda-feira, a Justiça do Rio pediu perícia de 24 horas nas contas da companhia aérea e nomeou o escritório Cysneiros Vianna Advogados Associados como administrador judicial para acompanhar o caso. Somente após a análise dos números é que o juiz deve avaliar a ação movida pela Varig.