Título: Excesso de oferta faz dólar cair
Autor: Mario Rocha, Silvana Rocha, Lucinda Pinto
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/06/2005, Economia, p. B11

Tesourarias de bancos e exportadores despejam maior volume de moeda no mercado; queda na cotação é de 0,88%

Enquanto aguardam o desenrolar da crise política, as tesourarias de bancos e exportadores ampliaram a oferta de dólares. O comercial fechou em R$ 2,373, em queda de 0,88%. O Ibovespa recuou 1,24%, os juros futuros projetaram queda, o risco país subiu 0,74%, para 411 pontos, e o C-Bond ganhou 0,06%, vendido com ágio de 2,188%. O paralelo avançou 0,15%, vendido a R$ 2,747. No mercado futuro, aumentou a aposta na queda do dólar. Os seis vencimentos negociados projetaram cotações mais baixas. Para 1.º de julho, a projeção é de um recuo de 0,90%. A economia está indo bem, a inflação está sob controle e os investidores foram estimulados a reduzir posições em câmbio pelo anúncio de duas novas captações externas privadas - Grupo Votorantim, US$ 400 milhões, e BMG, US$ 150 milhões. Também persistem os rumores de que o Brasil poderá fazer novas emissões soberanas para pré-financiar suas obrigações de 2006, um ano que tende a ser complicado pelo calendário eleitoral. As condições favoráveis no exterior, da economia local e do risco Brasil foram apontados como motivos para justificar os rumores. Operadores ressalvaram que apesar de estar caindo, o dólar continua sensível ao noticiário político. Sendo assim, é grande a possibilidade de a moeda americana reagir em alta aos desdobramentos das investigações da CPI Mista dos Correios e aos depoimentos de parlamentares no Conselho de Ética da Câmara sobre o "mensalão". Na Bolsa paulista, o movimento financeiro ficou em R$ 1,345 bilhão. "A Bovespa agora está 'de lado', e precisa de um motivo para subir ou cair com mais força", disse um operador, lembrando que na casa dos 26 mil pontos o Ibovespa encontra forte resistência para avançar. O fato é que o mercado acionário está mantendo a cautela por temer que, a qualquer momento, as investigações da CPI dos Correios possam trazer alguma novidade ruim. A Bovespa informou que o fluxo de capital estrangeiro continua positivo. No ano, o saldo de capital externo é de R$ 383,5 milhões. "Quem apostou na crise política perdeu dinheiro na Bolsa. Já os estrangeiros fizeram o contrário", disse um operador. As maiores altas do Índice Bovespa foram de Transmissão Paulista PN (4,74%), Comgás PNA (3%) e Celesc PNB (2,11%).