Título: Reprovação na OAB-SP é recorde
Autor: Renata Cafardo, Colaborou: Claudia Ferraz
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/06/2005, Vida &, p. A23

O último exame da Ordem dos Advogados do Brasil em São Paulo (OAB-SP) teve o maior índice de reprovação da história e também o maior já registrado no País. Dos cerca de 20 mil inscritos, 92,84% deles não conseguiram a aprovação, essencial para que o bacharel exerça a profissão de advogado. O presidente da OAB-SP, Luiz Flávio Borges D' Urso, anunciou ontem que chamará os representantes de todas as 177 faculdades que participaram do teste para verificar quais problemas têm afetado o desempenho de seus alunos. A reunião foi marcada para 10 de agosto. "Esse índice é o limite, temos de reagir", disse. Ele acredita que a reprovação crescente no exame está relacionada ao "descompasso" entre a OAB e o Ministério da Educação (MEC). A entidade tem direito a dar pareceres, mas não pode vetar a criação de um curso. Foram só 19 pareceres favoráveis nos último anos.

O governo argumenta que tem diminuído o número de aprovações de novos cursos. Em 2002, foram 113; em 2003, 70; em 2004, 51; e este ano, 15 até agora. O diretor da Secretaria do Ensino Superior do MEC, Mario Pederneiras, lembra que foi editada em maio uma portaria permitindo à OAB apresentar queixas com relação ao ensino em qualquer instituição e acompanhar a equipe do MEC que fará a avaliação.

Os altos índices de reprovação são comuns também em outros Estados. No Paraná e em Mato Grosso do Sul, o porcentual foi de 90%. Em São Paulo, a primeira fase do exame - que tem 100 questões de múltipla escolha - já havia aprovado só 12,2% dos bacharéis, outro recorde. A segunda fase tem quatro questões dissertativas e uma peça processual. "Muitos não sabem conjugar o plural, conjugar verbos e há até os que mandam um abraço para o juiz no fim da peça", conta D' Urso.

A última prova da OAB-SP foi feita em maio. Cássia Vicentim de Moraes, de 22 anos, acertou a metade das questões da primeira fase e não passou pela segunda etapa. "Estou formada e não consigo fazer nada" , diz. "O exame é muito difícil, extenso, tem professor que demora uma semana para responder."