Título: Jefferson pede que CPI investigue morte de Daniel
Autor: João Domingos
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/06/2005, Nacional, p. A8

O deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) depõe hoje a partir das 10h30 na CPI dos Correios. Pretende falar pouco a respeito dos Correios - até porque, na sua opinião, não tem nada a ver com a estatal e ninguém provou o contrário, comentam parlamentares a ele ligados -, mas vai estocar o governo e o PT. Jefferson vai sugerir aos integrantes da CPI que investiguem também o assassinato do prefeito petista de Santo André, Celso Daniel, em 2002. Para ele, há uma relação entre o suposto esquema de corrupção na administração federal com o crime de Santo André. Nos dois casos, teriam sido montados caixinhas clandestinos.

Jefferson quer repetir na CPI o show mostrado na tribuna da Câmara, quando falou pela primeira vez sobre as suspeitas de que comandaria esquema de corrupção nos Correios, e no Conselho de Ética da Câmara, quando acusou colegas, como o presidente e o líder do PL, Valdemar Costa Neto (SP) e Sandro Mabel (GO), de participarem do esquema do mensalão - suposto pagamento mensal de R$ 30 mil para que parlamentares da base aliada votassem a favor do governo. Ele ficou todo o dia de ontem concentrado e, na decisão entre as seleções de futebol de Brasil e Argentina pela Copa das Confederações, preferiu dormir, de acordo com sua assessoria.

Há muita especulação em torno do depoimento de Jefferson hoje. Até a de que ele devolverá os R$ 4 milhões que diz ter recebido da direção do PT. "Isso é o que todo mundo quer. Duvido que fará isso", disse o líder do PTB na Câmara, José Múcio Monteiro (PE). A assessoria de Jefferson informou que ele não levará dinheiro nenhum.

Quando for indagado se tem algum interesse nos Correios, Jefferson já tem pronta a resposta. Dirá que nunca nomeou ninguém na estatal e que conta com o depoimento do ex-chefe do Departamento de Compras dos Correios Maurício Marinho. Ao ser flagrado quando embolsava R$ 3 mil de propina, Marinho disse que quem comandava todo o esquema nos Correios era Jefferson. Mas, depois, divulgou carta para dizer que tudo não passara de arroubos para se mostrar importante. Ao depor na CPI, Marinho tornou a dizer que Jefferson não tinha nada a ver com a estatal.