Título: Comissão de Ética da Presidência rejeita explicações e complica situação de Jucá
Autor: Christiane Samarco
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/06/2005, Nacional, p. A15

A já delicada situação do ministro da Previdência, Romero Jucá, complicou-se ainda mais. A Comissão de Ética Pública da Presidência da República considerou insatisfatórias as explicações que ele deu até agora sobre sua participação em empresas da família. Senador licenciado do PMDB de Roraima, Jucá está sendo investigado pela Procuradoria-Geral da República e é um dos ministros a serem substituídos na reforma ministerial. Ele já apresentou três explicações à Comissão de Ética - uma pessoalmente, em 10 de maio.

A ata da reunião da comissão no último dia 2 traz diagnóstico constrangedor para Jucá. "As informações prestadas não foram consideradas suficientes, pelo que decidiram os presentes reiterar a solicitação para que o ministro informe todos os interesses, diretos ou indiretos, seus e de familiares, que possam suscitar conflitos com o exercício da função pública, para que esclareça atividades que, formal ou informalmente, direta ou indiretamente, desempenha junto às empresas de seus filhos, assim como junto à Fundação Social e Cultural de Roraima", registra a ata.

A Comissão de Ética também quer que o ministro entregue relação completa de seus bens, dos de sua mulher - a prefeita de Boa Vista (RR), Teresa Jucá - e dos de seus filhos. A Comissão pede ainda "informações sobre a origem e justificativa para o numerário mantido em espécie", embora não haja no texto referência à quantia que Jucá alega guardar em dinheiro vivo. Depois da reunião do dia 2, a Comissão de Ética se encontrou mais uma vez, na segunda-feira passada.

A ata dessa última reunião ainda não foi divulgada, mas sabe-se que os integrantes da comissão continuaram insatisfeitos com as explicações.

Diante da comissão, em 10 de maio, o ministro foi obrigado a responder a perguntas espinhosas. Um dos conselheiros, Antoninho Trevisan, indagou, de acordo com a ata, "se ele entendia possível cumprir sua missão como ministro da Previdência, dada a extensão das denúncias contra sua pessoa".

Outro conselheiro, João Camilo Penna, fez "uma digressão sobre a importância e grandiosidade dos números da pasta" e citou os desvios bilionários que ocorrem no INSS. Em seguida, perguntou se Jucá "se via com força moral para fazer frente aos requerimentos do exercício da função, sobretudo por estar sob investigação de órgãos do próprio governo".