Título: Aécio quer ajudar governo a montar agenda positiva
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Fonte: O Estado de São Paulo, 30/06/2005, Nacional, p. A16

Após encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na segunda-feira, o governador Aécio Neves (PSDB) declarou-se disposto a auxiliar o governo federal e o Congresso na montagem de uma agenda positiva para o País, que acelere a votação da reforma tributária, além da reforma política, já em discussão. Segundo ele, a tarefa é também do PSDB. "O que eu disse (a Lula) é que o PSDB, como partido de oposição e como toda a sociedade brasileira, quer que essas questões sejam apuradas com absoluta profundidade e transparência e, conseqüentemente, punindo os responsáveis quando apontados", afirmou o governador em entrevista à rádio CBN. "Mas, ao mesmo tempo, acho que é possível - e até os 8 anos de experiência no governo nos obrigam a ter essa maturidade - paralelamente construirmos uma agenda positiva para o País que não fique apenas na reforma política." A reforma tributária, destacou, é fundamental para os Estados, afetados pela "concentração absurda" de receitas na União e expostos à guerra fiscal, entre outros problemas.

"Acho que talvez seja o momento de um grande mutirão. Até porque não acho que isso de qualquer forma atrapalharia as investigações", disse Aécio, na expectativa de retomar as discussões da reforma "no início de agosto". Em julho, o governador prometeu procurar alguns colegas para "atualizar" as negociações em torno da reforma tributária e preparar um texto de consenso mínimo para levar a voto.

São quatro pontos fundamentais, explicou ele. A unificação do ICMS, o fim da guerra fiscal, a criação do Fundo de Desenvolvimento do Nordeste e a reposição das perdas dos Estados com os incentivos às exportações. Sobre a reforma política, disse que o PT precisa ter "compromissos firmes" com a cláusula de barreira e a fidelidade partidária, por exemplo.

Sua postura em relação ao governo, reconheceu Aécio, "não é um sentimento unânime" do PSDB, mas "médio", inclusive entre as principais lideranças. "É óbvio que o embate no Congresso é mais radicalizado, mas a posição do PSDB tem sido de muita responsabilidade: de firmeza na busca das apurações mas de disposição para discutir as questões outras que interessam ao País."

Levado ao encontro de Lula pelo ministro da Fazenda, Antônio Palocci, o governador desdobrou-se em elogios e atribuiu especialmente a ele a construção da agenda positiva. "É bom que pessoas de sensibilidade estejam próximas do governo."