Título: ONGs acusam Shell por crime ambiental
Autor: Cristina Amorim
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/06/2005, Vida&, p. A22

Representantes de organizações não-governamentais da África, Estados Unidos e Antilhas Holandesas acusaram ontem a companhia petrolífera anglo-holandesa Shell de mentir sobre suas políticas de respeito ao meio ambiente e cometer crimes quando opera nos países em desenvolvimento. Durante a apresentação do relatório Lições a Aprender - O Outro Relatório Shell 2004, no Parlamento Europeu, os representantes das ONGs pediram à União Européia (UE) que interceda neste assunto e obrigue a Shell a respeitar seus compromissos.

Eles acusam a multinacional de usar um duplo discurso, já que, publicamente, se apresenta como uma empresa que respeita o meio ambiente e os direitos humanos, mas que, em países com sistemas jurídicos fracos, negligencia estas responsabilidades.

"O assassinato do poeta e ativista de direitos humanos Ken Saro-Wiwa desatou em 1995 a indignação internacional sobre a situação do Delta de Níger", aponta o documento, que lembra que Saro-Wiwa dirigia uma organização que pedia à Shell que assumisse suas responsabilidades na devastação ambiental provocada por sua filial na Nigéria.

Embora em 1996 a Shell tenha lançado uma campanha pública para consertar sua imagem negativa, "dez anos mais tarde demonstra que não aprendeu a lição" e continua causando contaminação e danos à saúde nesse país, com a emissão de gases poluentes 24 horas por dia, denuncia o documento.

Os eurodeputados Richard Howitt (do Grupo Socialista europeu) e Claude Turmes (Verde) defenderam a tese de que as práticas de responsabilidade social corporativa devem ser obrigatórias.