Título: Jovem deixa cadeia em Rio Claro em meio a gritos de 'assassina'
Autor: Marcelo Godoy
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/06/2005, Metrópole, p. C1

De olhos vermelhos e visivelmente assustada, Suzane von Richthofen saiu ontem, às 16h50, de trás das grades do Centro de Ressocialização Feminino de Rio Claro, onde estava presa havia 10 meses. "Eu não tenho nada a declarar, depois marco uma coletiva", afirmou a jovem, abraçada à diretora da instituição, Irani Torres. De moletom vermelho com estampa do coelho Pernalonga e calça jeans, a jovem denunciada pelo homicídio dos pais, exibia a mesma aparência da época do crime - magra, cabelos loiros e compridos, ar angelical. Fora da prisão, mais de cem curiosos se aglomeraram para vê-la de perto. Às 17 horas, quando uma Blazer da Polícia Militar entrou na garagem do centro, repetiram-se gritos de "assassina" e uma pedra foi atirada contra o portão. Com a jovem no banco de trás, entre dois PMs, o carro saiu em disparada, escoltado por policiais de moto. O destino era a Rodovia Washington Luís, onde um outro carro esperava por ela. O motorista do carro despistou os jornalistas que o seguiam.

"Está vendo, doutora? Eu sabia que Deus iria me ouvir", disse Suzane, anteontem, à diretora ao saber que o advogado Antônio Cláudio Mariz de Oliveira havia conseguido um habeas-corpus para ela no Superior Tribunal de Justiça (STJ). "Ela estava feliz e tranqüila, mas vocês a assustaram", disse Irani aos jornalistas. Segundo a diretora, Suzane se mostra arrependida do que fez e não quer ouvir falar de Daniel Cravinhos, seu namorado na época do crime. Conforme Irani, a jovem recebia visitas aos domingos, mas o irmão, Andreas, nunca foi vê-la. Ela também não saiu do centro para ir ao enterro da avó paterna.

Suzane foi transferida da Penitenciária Feminina do Estado para o interior em agosto do ano passado, devido a ameaças que vinha recebendo de outras presas. "Quando fui informada que ela viria para cá, reuni todas as reeducandas, disse que elas iriam receber uma nova colega e ela (Suzane) deveria ser tratada como elas se tratavam", disse Irani. Mas a jovem chegou provocando um clima de tensão. O centro começou a receber ameaças por carta e telefone de que uma presa a ser transferida para lá a mataria. Logo, Suzane entrou na rotina do local. Dava aulas de inglês e trabalhava na enfermaria.

O centro tem capacidade para 120 internas, divididas em 8 alojamentos para 15 mulheres cada um. Não há celas. O local foi feito para receber presas de bom comportamento, que cometeram crimes leves ou graves, mas querem deixar a criminalidade. Durante o dia, elas podem trabalhar em empresas ou participar de oficinas dentro da unidade, como as de costura, tricô, bijuterias e cabeleireira, entre outros. Três dias de trabalho significam um dia a menos na pena. Antes de tirar o uniforme usado nos dez últimos meses, Suzane recebeu tratamento vip no salão de beleza tocado pelas detentas.