Título: Severino se engana e por 1 hora mínimo vale R$ 536
Autor: Denise Madue¿o
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/06/2005, Nacional, p. A8

Os deputados aprovaram ontem o valor de R$ 536,28 para o salário mínimo. Mas foi apenas por uma hora, durante uma votação encaminhada de forma confusa pelo presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE). A aprovação surpreendeu a oposição e os governistas e exigiu a suspensão da sessão por alguns minutos até que os líderes encontrassem uma saída para corrigir o erro. Depois de um acordo, os deputados repetiram a votação, dessa vez com registro nominal no painel eletrônico, rejeitando esse valor com um placar de 318 votos contrários, 16 a favor e 6 abstenções, e mantendo o mínimo em R$ 300.

A confusão ocorreu durante a sessão para votação da medida provisória que reajusta o salário mínimo para R$ 300. Na primeira votação, os deputados rejeitaram o parecer do relator, deputado André de Paula (PFL-PE), que eleva o valor para R$ 310. Em seguida, Severino colocou em votação, de forma conjunta, 11 emendas que previam valores diferentes para o mínimo, entre eles o que fixava o valor em R$ 536,28.

A votação foi simbólica, pelo processo no qual os deputados contrários à aprovação da matéria se manifestam levantando as mãos. Severino avaliou, observando visualmente o plenário, que as emendas haviam sido aprovadas em bloco.

Nem a oposição defendeu esse reajuste. O líder do PSDB, deputado Alberto Goldman (SP), afirmou que R$ 536,28 é inviável para o país. Segundo o líder do PFL, José Carlos Aleluia (PFL-BA), esse valor elevaria o desemprego. Já o vice-presidente da Câmara, José Thomaz Nonô (PFL-AL), criticou os deputados que não prestaram atenção nas votações e, de forma discreta, o presidente Severino.

Corrigido o erro, a votação da MP prossegue hoje, em sessão extraordinária. Depois ela será enviada ao Senado.