Título: Crise e petróleo derrubam a Bolsa
Autor: Mario Rocha, Silvana Rocha e Lucinda
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/06/2005, Economia & Negócios, p. B11

Tensão política e petróleo futuro em alta fazem o Ibovespa cair 3,36%; das 55 ações do índice, só uma se valorizou

Pinto O IPCA-15 comportado e a ata do Copom sem novidades não superaram o impacto da crise política e da alta do petróleo futuro. O Ibovespa fechou na pontuação mínima do dia, em queda de 3,36%, com apenas uma ação em alta. O dólar subiu 0,71%, para R$ 2,399, o risco país avançou 1,67%, para 426 pontos, o C-Bond perdeu 0,19%, vendido com ágio de 2,06%, e os juros futuros projetaram alta. O paralelo valorizou-se 0,37%, para R$ 2,747 na venda. Para complicar as coisas no mercado acionário, a elevação do petróleo futuro, que chegou ao longo do dia a US$ 60 o barril, prejudicou as Bolsas americanas. O Índice Dow Jones teve forte queda de 1,57% e a Nasdaq recuou 1,02%, puxando a Bovespa para baixo. O movimento financeiro foi de R$ 1,352 bilhão. A Bolsa paulista vinha ensaiando um movimento mais forte de queda, que acabou se concretizando. Não faltaram rumores de que as revistas semanais trarão reportagens políticas comprometedoras, e isso também influiu. "O quadro externo ficou ruim. Se continuar assim, a Bovespa poderá enfrentar um período de novas baixas", comentou um operador, lembrando que as boas notícias sobre a inflação foram desprezadas. Das 55 ações que formam o Índice Bovespa, só uma se valorizou, AmBev PN (0,82%). As maiores quedas foram de Tele Leste Celular PN (9%), Cesp PN (8,85%) e Telesp Celular Par PN (8,66%). Pelos mesmos motivos, as tesourarias de bancos ampliaram os ajustes de posições, que sustentaram o dólar em alta o dia todo. As cotações à vista só não subiram mais porque houve ingresso financeiro à tarde. No mercado futuro, a cautela dos investidores também se refletiu no aumento do volume movimentado, de 21%, para US$ 5,67 bilhões. Os 8 vencimentos projetaram alta, sendo que o contrato de 1.º de julho apontou um avanço de 0,69%. Segundo um operador, o mercado cambial está absorvendo gradualmente o stress político porque os fundamentos econômicos estão indo bem. O mercado de juros não teve fôlego para manter as taxas em queda até o fechamento. Depois de reagir positivamente ao bom resultado do IPCA-15 de junho, as taxas começaram a avançar. A ata do Copom apenas confirmou o que o mercado imaginava, que a taxa Selic ficará no nível atual por algum tempo.