Título: Petróleo bate nos US$ 60 o barril e recua
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Fonte: O Estado de São Paulo, 24/06/2005, Economia & Negócios, p. B8

Movimento de alta foi alimentado pelas compras de especuladores e por problemas em algumas refinarias dos Estados Unidos

O medo de que falte combustível fez com que, por alguns minutos, a cotação de petróleo atingisse a barreira psicológica dos US$ 60 o barril, mas o preço caiu logo depois. Apesar da queda no final do dia, a cotação ainda foi recorde. Na Bolsa Mercantil de Nova York (Nymex), os contratos para agosto fecharam o pregão em US$ 59,42, alta de 2,29%. Na Bolsa Internacional de Petróleo (IPE), em Londres, os contratos de petróleo tipo Brent para agosto fecharam em US$ 58,10 o barril, avanço de 2,38%. A disparada de ontem foi impulsionada pelo nervosismo. Basicamente, o movimento foi alimentado pelas compras dos especuladores. Entretanto, segundo analistas, notícias de refinarias com problemas nos Estados Unidos ajudaram a pressionar as cotações. A paralisação de refinarias "pode ter dado algum suporte, mas o foco ainda parece estar sobre a forte demanda pelos produtos", explicou Tom Bentz, analista da corretora BNP Paribas Futures em Nova York. Os contratos para agosto já haviam alcançado os US$ 60 o barril na segunda-feira, mas antes de se tornarem o contrato de referência. Esse ponto não foi esquecido pelos operadores. "Quando os historiadores olham para trás para ver se os preços alcançaram máximas ou mínimas históricas, é tradição que usem os contratos de referência", disse Phil Flynn, operador da Alaron Trading em Chicago. Apesar do recuo dos preços antes do fechamento, analistas disseram que é só uma questão de tempo até que a commodity supere a marca dos US$ 60. "Com os fundamentos apertados, não há dúvidas que iremos subir acima de US$ 60", disse Jamal Qureshi, analista da consultora PFC Energy em Washington. "Estamos tão perto disso que fatores técnicos sozinhos podem impulsionar os preços para acima de US$ 60", previu Qureshi. Nos últimos dias, a alta tem sido motivada pela preocupação sobre a crescente demanda de petróleo e dos derivados. A demanda de produtos derivados nos Estados Unidos, incluindo gás para calefação e diesel, é 6,9% maior que há um ano. O aumento foi anunciado em um momento de preocupação sobre a capacidade de produção das refinarias, e as possibilidades reais de recompor as reservas antes do quarto trimestre, quando a demanda desses produtos sobe por causa do frio. A demanda de gasolina também aumentou 2,5%, em relação à de um ano, em um período de forte consumo nos Estados Unidos porque agora começam as férias de verão e muitos americanos costumam viajar.