Título: Nada vai mudar, diz Tolmasquim
Autor: Gerusa Marques
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/06/2005, Economia & Negócios, p. B7

Ministro interino de Minas e Energia vai seguir a linha de Dilma Rousseff

Nada muda no setor de energia, após a transferência da ministra Dilma Rousseff para a Casa Civil. Esse foi o recado dado ontem pelo ministro interino de Minas e Energia, Maurício Tolmasquim. Ele anunciou ontem o cronograma de três leilões de energia de usinas que já estão em funcionamento e de novas hidrelétricas e termelétricas, e previu para julho a liberação do primeiro lote de licenças ambientais para novas usinas hidrelétricas, cuja energia será ofertada no último leilão do ano, em dezembro. Tolmasquim disse que ficará no posto pelo tempo que o presidente Lula e a ministra Dilma acharem necessário. "Assumi para fazer o que for preciso. Não trabalho com datas, trabalho com projetos", afirmou. Ele já foi secretário-executivo de Dilma e se licenciou da presidência da Empresa de Pesquisa Energética para dar continuidade ao trabalho dela no setor energético, em caráter temporário. Tolmasquim listou os principais projetos que comandará no ministério, entre eles a realização dos três leilões. Nos dois primeiros, previstos para a última semana de outubro e para a primeira quinzena de novembro, será ofertada energia velha (produzida por usinas já em funcionamento) para atender o mercado em 2006, 2007, 2008 e 2009. No terceiro leilão, previsto para a primeira quinzena de dezembro, serão leiloados cerca de 2 mil megawatts (MW) de energia hidrelétrica, para serem entregue em 2008, 2009 e 2010. O governo trabalhava inicialmente com 17 usinas, com capacidade de produzir 2.800 MW. Além desse montante, o governo conta ainda com 1.500 MW de energia que será produzida por usinas térmicas movidas a bagaço de cana. O ministério vai editar em 15 dias uma portaria com regras para esse setor, com o objetivo de tornar essa energia mais competitiva. Tolmasquim disse que os produtores de bioeletricidade estimam que, num prazo de 5 anos, seja possível produzir 12 mil MW dessa energia, cuja produção está concentrada atualmente no Estado de São Paulo. Segundo ele, no Sudeste a safra de biomassa se dá no período de pouca chuva, quando os reservatórios que abastecem as usinas hidrelétricas estão baixos. O ministro citou ainda como prioridade a elaboração da Lei do Gás, que deverá ser divulgada em três meses, com regras para transporte e comercialização de gás natural. Entre os projetos estão também a sétima rodada de licitação de petróleo, prevista para outubro, o leilão de linhas de transmissão de energia que ocorrerá em setembro e o programa Luz Para Todos, que deverá levar energia a 2,5 milhões de pessoas do meio rural até o fim do ano. Também fazem parte da lista de prioridades o Proinfa, projeto que estimula a produção de energia a partir de fontes alternativas, e a utilização de parte dos recursos da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), fundo setorial de energia, para financiar a construção de gasodutos.