Título: Calçados: pressão argentina
Autor: Ariel Palácios
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/06/2005, Economia & Negócios, p. B7

Kirchner pode impor restrições ao Brasil em duas semanas

Em duas semanas, se não houver acordo entre os empresários brasileiros e os argentinos, o governo do presidente Néstor Kirchner aplicará medidas de restrições contra os calçados importados do Brasil. "Esse seria um prazo lógico e razoável", alertou o secretário de Indústria e Comércio da Argentina, Miguel Peirano, durante o 2.ª Seminário Regional Brasil-Argentina, realizado pelo Centro de Estudos Bonaerenses, em Buenos Aires. Peirano explicou que as "medidas unilaterais" serão aplicadas para "encontrar equilíbrio na relação comercial". Mas, o secretário mostrou-se otimista: "Achamos que vamos a chegar a um acordo." Os empresários dos dois países estão num impasse. A Câmara da Indústria do Calçado da Argentina pretende que a brasileira Abicalçados aceite "voluntariamente" a aplicação de uma autolimitação de suas vendas. Os argentinos querem limitar as vendas brasileiras para 10 milhões de pares anuais. Os brasileiros defendiam 15,3 milhões de pares. As assimetriais comerciais existentes no Mercosul foram um dos pontos de debate no seminário. Mas gradualmente o governo Kirchner estaria pondo mais ênfase na distribuição de investimentos do que nas exigências para a criação de um sistema de salvaguardas comerciais, tal como vem fazendo desde setembro. A Argentina reclama que nos últimos anos, os investimentos preferiram o Brasil, tanto pelo tamanho do mercado como pelos benefícios fiscais.