Título: Moradores de Itu vão às ruas hoje em defesa da Schincariol
Autor: José Maria Tomazela
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/06/2005, Economia & Negócios, p. B6

Organizadores do protesto esperam reunir 3 mil pessoas no centro da cidade

Moradores de Itu, a 98km de São Paulo, saem às ruas hoje para protestar contra a prisão dos cinco donos e quatro diretores da cervejaria Schincariol, acusados de fraudes fiscais. Eles foram presos no dia 15, na Operação Cevada da Polícia Federal. A manifestação espera reunir cerca de 3 mil pessoas na Praça Padre Miguel, no centro histórico, a partir das 13h. O ato está sendo organizado por familiares dos 2.700 funcionários da empresa e ganhou o apoio do prefeito Herculano Júnior (PV), que participará da manifestação. "Vamos defender os empregos e tudo o que a Schincariol representa para Itu." Além de ser a maior empregadora da cidade, a cervejaria responde por 10% da receita de ICMS, injetando cerca de R$ 400 mil por mês no cofre municipal. O Sindicato dos Empregados nas Indústrias de Alimentação da Região de Campinas participará do protesto. O presidente Manoel Martins disse que atendeu a pedido do prefeito. "Se os presos não forem soltos até a semana que vem, vamos fazer outro protesto." O prazo da prisão temporária vence hoje à meia-noite. Segundo Martins, a empresa não deve dispensar os funcionários para a manifestação. "Vamos contar com a adesão dos que estiverem saindo na troca de turno." A Câmara manifestou apoio e vai receber uma comitiva de manifestantes. Os organizadores distribuíram folhetos na cidade, convocando a população. No panfleto "Acorda, Itu. Dignidade Já", os moradores foram convidados a mostrar "indignação com a humilhação que sofremos desde a prisão dos dirigentes da Schincariol". E acrescentava que, se a fábrica parar, os reflexos atingirão toda a cidade. Outra convocação, distribuída pela internet, convidava a população a "defender as garantias básicas do indivíduo", num "ato de desagravo contra a truculência", já que as pessoas foram presas "sem acusação formal e sem direito a defesa".

À DERIVA O presidente do sindicato foi ontem à fábrica conversar com os funcionários, mas não obteve garantia de pagamento integral dos salários de junho. Segundo ele, a indústria continua funcionando, mas nem os encarregados da produção souberam dizer por quanto tempo duram os estoques de matéria-prima. Em Boituva, a cervejaria Petrópolis, cujo principal dirigente, Walter Faria, também foi preso na operação, continuava funcionando normalmente. A fábrica tem 800 funcionários e produz as cervejas de marcas Crystal, Itaipava e Petra. Faria atuou por muitos anos como distribuidor da Schincariol, até montar sua própria cervejaria, na qual ocupa o cargo de presidente do conselho de administração. Ele teria sido preso sob suspeita de ter articulado o esquema de sonegação usado pelos distribuidores da Schincariol.