Título: Novadata, do amigo de Lula, venceu quatro licitações
Autor: Alexandre Rodrigues
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/06/2005, Nacional, p. A14

Empresa dobrou participação em encomendas governamentais em dois anos dea gestão do PT

Citada nos vários depoimentos do ex-chefe de departamento dos Correios, Maurício Marinho, a Novadata chama a atenção por ter dobrado sua atuação governamental nos dois primeiros anos do governo Lula. Suas vendas para o governo federal alcançaram R$ 284,5 milhões, segundo admite o dono da empresa, Mauro Dutra, amigo de 20 anos do presidente da República. Em 2004, a Novadata conquistou a liderança do mercado brasileiro em vendas de computadores. Boa parte desse desempenho se deve às vendas ao governo federal e a empresas estatais. Somadas a serviços para Estados e municípios, essas vendas representam 55,1% de todo o faturamento. Com 25 anos de vida, até se dedicou à área pú blica até 2002, quando passou a vender também para o setor privado. O maior contrato público da Novadata foi fechado com a Caixa Econômica Federal, no valor de R$ 109,6 milhões. Entre as principais conquistas da empresa estão outras estatais como os Correios, com contratos que somam R$ 16,29 milhões, ou o banco estatal do governo tucano de São Paulo, Nossa Caixa Nosso Banco, cujo contrato é de R$ 55,19 milhões. A segunda maior cliente é a principal estatal do País, a Petrobrás, mas a licitação enfrentou problemas. Segundo informações da própria Novadata, a empresa venceu quatro licitações na Petrobrás entre 2003 e 2004, fechando contratos de aluguel de computadores que passam de R$ 100 milhões, referentes a 27.500 computadores. A Novadata nega qualquer suspeita de favorecimento e prometeu divulgar os dados das licitações da Petrobrás, que não são públicos, para mostrar que foram feitas regularmente. A Novadata derrotou a IBM, que era o principal fornecedor da estatal nessa área, em pelo menos dois pregões. O principal deles aconteceu em 27 de agosto de 2003 e a Novadata levou o contrato pelo menor preço: R$ 32,7 milhões. O contrato recebeu um aditivo de R$ 8,1 milhões, elevando o custo total para pouco mais de R$ 40,8 milhões, com o aumento da encomenda inicial de 10 mil para 12.500 máquinas. A informação foi confirmada ao Estado pelo diretor de Serviços da Petrobrás, Renato Duque, responsável pelas licitações. Ele confirmou que o aditivo foi feito mantendo o preço de cada máquina, com serviços de manutenção e software gerencial, em R$ 3.866. "É um preço bastante competitivo", disse Duque. No mercado, computadores de configuração avançada têm, nesse tipo de operação, custo médio de R$ 3.200. Duque contou que uma nova licitação foi feita em novembro do ano passado, dessa vez para 15 mil unidades, partindo-se do preço da licitação anterior. Apesar do convite às concorrentes, somente a Novadata garantiu o preço e levou o contrato, que teve uma elevação de 18% no valor por causa de uma mudança na configuração das máquinas. Segundo Duque, a IBM recorreu alegando que a Novadata, por ser nacional, não poderia atuar nos escritórios da Petrobrás na América Latina e não era proprietária do software que gerencia a máquina. "A Novadata respondeu comprovando que tinha condições de dar assistência na América Latina porque estava associada com duas empresas, a Unisys e a UPS, e que tinha o software necessário obtido de terceiros e foi decidido que atendia", disse Duque. Rondon lembrou que o crescimento das vendas da Novadata ao setor governamental também aconteceu durante o governo FHC. Ele afirmou que tanto a Petrobrás, como os Correios e a Caixa têm fornecedores maiores. "Não somos favorecidos. Na Petrobrás, por exemplo, não fomos habilitados nem para disputar o fornecimento de servidores e notebooks, equipamentos de valor mais alto", afirmou.