Título: 'A empresa explodiu, tem de ter publicidade'
Autor: Irany Tereza
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/06/2005, Nacional, p. A14

Wilson Santarosa argumenta que Petrobrás cresceu 'vertiginosamente'e se internacionalizou

Wilson Santarosa recebeu o Estado na Petros, fundo de pensão dos funcionários da Petrobrás, onde preside o Conselho de Administração. Foi a primeira vez que concedeu entrevista desde que assumiu o posto. "Pode se considerar uma privilegiada", brincou ele com a repórter. Como explicar tamanho aumento dos gastos na Comunicação Institucional da Petrobrás?

O orçamento aumentou porque a empresa explodiu, está crescendo rapidamente, se internacionalizando. Comprou a Perez Companc, refinarias bolivianas, hoje representa 12% do PIB da Bolívia. A Petrobrás tem venda internacional de produtos, cresce vertiginosamente. Tem que ter publicidade.

O que motivou o patrocínio às prefeituras do PT na Bahia?

Temos critérios de responsabilidade social e incentivo à cultura regional. As festas de São João no Nordeste são um patrimônio regional importante e estávamos fora. Não foram só prefeituras do PT nem o critério que usamos é partidário. Essa história de privilégio do PT é coisa do ACM. Recebemos projetos de prefeituras de todos os partidos. Analisamos e, se for interessante, a gente faz. Temos projetos importantes, por exemplo, com a Prefeitura de São Paulo, como o do Autódromo de Interlagos, que não foram interrompidos com a mudança de prefeito.

A contratação de sua mulher, Geide Miguel Santarosa, para a ouvidoria-geral da Transpetro, não fere critérios éticos?

Não fui eu quem a convidou. Quando o Sérgio Machado assumiu a presidência da Transpetro seguiu uma orientação do presidente Lula para que todas as empresas públicas montassem ouvidorias. A Geide trabalhou nove anos em sindicatos de petroleiros, conhecia a empresa. Foi a Guta (Maria Augusta Carneiro Ribeiro, ouvidora-geral da Petrobrás) quem a indicou para a Transpetro. Quando a Geide me informou, eu disse: "A decisão é sua." Não acho que haja conflito. São empresas diferentes e a minha área é outra.

A Petrobrás sempre patrocinou centrais sindicais?

No governo anterior também havia patrocínio, mas só para a Força Sindical. Quando assumimos, recebi o Paulinho, da Força. Estava preocupado, achando quer fôssemos cortar (o patrocínio do ) 1.º de Maio. Eu lhe disse que podia ficar tranqüilo.

O 1º de Maio da CUT também foi patrocinado. De quanto foram esses patrocínios?

Foram R$ 500 mil para a CUT e R$ 250 mil para a Força.

E os 25 anos da CUT ?

R$ 500 mil também.

Para estes projetos há licitação?

Não.

Por que a diferença de valores? O critério é o da representatividade. A base da CUT é muito maior. Os sindicatos são um público que nos interessa. Estamos acertando uma parceria com as centrais também para a disseminação do cartão BR, para uso na rede de postos da Petrobrás. Já pensou, cada jornal do sindicato anunciando o nosso cartão? É um público consumidor que nos interessa, consome gasolina, diesel, etc.

O sr. não teme críticas de que a empresa esteja privilegiando...

Não há privilégio. São projetos de interesse da Petrobrás.

Como foram escolhidas as empresas de publicidade?

Houve uma licitação no fim de 2003, com 42 participantes. Agimos de maneira muito transparente. Venceram a Quê, a Duda Mendonça e a F/Nazca. A Quê já estava na Petrobrás antes. As outras que atendiam a empresa eram a DPZ e a Contemporânea, que saíram.

A Duda Mendonça fez a campanha de Lula para a Presidência. Foi só coincidência?

A Duda Mendonça tem uma competência indiscutível. Não é difícil ganhar uma concorrência como esta. Eu até preferiria que não fosse (a agência vencedora) para não dar margem a este tipo de comentário.