Título: Dilma não quer negociar cargos
Autor: Tânia Monteiro Lisandra Paraguassú
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/06/2005, Nacional, p. A4

Ministra já avisou que não vai tratar de nomeações com políticos

Apesar de anunciar que não vai promover mudanças estruturais na Casa Civil, pelo menos no início de sua gestão, a ministra Dilma Roussef já avisou que quer abrir mão de uma das principais funções que tinha o seu antecessor, José Dirceu: tratar de nomeações políticas. Isso não significa que ela vá abdicar de exercer funções políticas. O que a ministra não quer fazer, conforme já disse a interlocutores, é tratar com parlamentares de nomeações, que hoje são aprovadas pela Casa Civil, e negociar liberação de emendas. Mas isso não a impedirá de ter contato com bancadas e com governadores para defender projetos de interesse do governo. Essa decisão de não mexer com nomeações foi tomada de comum acordo com o presidente Lula. Na quarta-feira, primeiro dia de trabalho, Lula deixou o Planalto perto da uma hora da manhã. Ela está impressionada com o tamanho da estrutura da Casa Civil que, de acordo com auxiliares, seria uma espécie de polvo, cuidando de questões que considera que não são naturais que estejam sendo resolvidas dentro do Planalto, como a greve de servidores. Mas uma reestruturação do órgão não será feita de imediato porque a ministra acha que precisa conhecer melhor o funcionamento da máquina. "Ainda estou analisando tudo", disse ao ser questionada sobre o que pretende fazer com os inúmeros grupos de trabalho que a Casa Civil coordena. A ministra já começou a receber os ministros para acompanhar ações de suas áreas, como foi com Miguel Rosseto, do Desenvolvimento Agrário, e Humberto Costa, da Saúde. Também se encontrou com Luiz Gushiken, da Secretaria de Comunicação de Governo, ao mesmo tempo em que almoçava com o ministro Jaques Wagner, com quem irá dividir algumas atribuições que estão hoje na sua pasta. A ministra afirmou em discurso a servidores da Casa Civil que acredita que a sua função seja "fundamentalmente voltada para acompanhar a gestão das ações de governo". Ao tentar rebater as críticas de que lhe falta habilidade política,prosseguiu: "Nesse sentido, é, sem dúvida nenhuma, uma ação política, porque implica escolhas, implica destinação de recursos, implica, fundamentalmente, opções. Mas é ao mesmo tempo, uma gestão técnica".